Briga por cargos no governo Jerônimo provoca tensão entre MDB e PP, com direito a ataques pessoais

Da Redação

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) e o deputado federal João Leão (PP) travaram nesta quinta-feira (24) uma discussão áspera pela imprensa e redes sociais marcada por ofensas pessoais diretas e indiretas. Por trás da troca de acusações está a disputa por espaço no governo Jerônimo Rodrigues (PP), embora o pepista faça parte da oposição, ou seja, ao grupo do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União).

Geddel está incomodado com o assédio dos deputados estaduais do PP, que já integram a base de Jerônimo, ao espaço ocupado atualmente pelo MDB no governo do Estado. Os pepistas almejam comandar a Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb) na reforma administrativa que o governador pretende negociar com os partidos a partir da semana que vem, após o segundo turno da eleição em Camaçari. O órgão tem hoje como presidente Jayme Vieira Lima Filho, presidente do MDB baiano e primo de Geddel, além de pré-candidato a deputado federal.

“Eu não fiz nenhum ataque pessoal a nenhuma figura do PP. A minha crítica foi política. O que eu disse em uma entrevista foi: como um partido que tem um pé na canoa da oposição e outro na canoa do governo, e que tem lideranças da Executiva estadual dizendo que esse mesmo partido vai ficar em cima do muro até 2026, pode reivindicar o espaço ocupado por aliados fies, conforme pleiteiam deputados estaduais? Como posso me calar com isso? Acho que o governador não é bobo. E veja que não há nem briga entre as duas correntes lá. Parece jogo combinado para ganhar boquinhas em todo lugar. Agora se partem para o lado pessoal, eu vou para cima da mesma forma”, afirmou Geddel ao Toda Bahia.

O ex-ministro se referiu a uma entrevista concedida pelo secretário-geral do PP na Bahia, Jabes Ribeiro, ao site Política Livre, publicada nesta quarta (24). Jabes defendeu que o partido só se posicione sobre quem irá apoiar na eleição para governador em 2026, ou seja, no ano do pleito. Até lá, frisou o dirigente, pepistas poderiam assumir, se convidados, cargos tanto no governo do Estado quanto na Prefeitura de Salvador. Na eleição de 2022, o PP apoiou ACM Neto para governador, depois de romper um “casamento” duradouro com o PT.

Atualmente, o PP segue dividido. Os seis deputados estaduais integram a base de Jerônimo. Dos quatro federais, dois ainda não se decidiram, mas demonstram inclinações: Mário Negromonte Júnior, que comanda a sigla na Bahia, já admitiu dialogar com o governador; e Cláudio Cajado, que, com um posicionamento mais crítico ao PT, tem revelado maior proximidade com o prefeito Bruno Reis (União). Outros dois tem posições bem definidas: Neto Carleto, que está de malas prontas para o Avante, é aliado do Executivo estadual, enquanto João Leão é do lado de Bruno e ACM Neto, embora se coloque como independente. O curioso é que coube a Leão rebater a fala de Geddel, nesta quinta.

“Sou Progressista, do PP, e não sou prostituta de cargo, nunca reivindiquei nada, ao contrário, sempre me ofereceram os cargos, como continuam oferecendo, e não aceito, não tenho rabo de palha. Vá tomar conta do seu PT e do seu MDB. Está com ciúmes? Vá cuidar das suas malas perdidas”, disse Leão a Geddel, em nota à imprensa.

O cacique do MDB retrucou com violência, e, para muitos, atacou até um dos filhos de Leão, que é deficiente mental. “O bonitão resolveu fugir da política e mandou eu cuidar das malas perdidas. Não vou não, bonitão. A essa altura da vida vou aproveitar a generosidade que Deus teve comigo e cuidar dos meus filhos, para que, por falta de pai, não sejam abestalhados”, declarou o ex-ministro.

Vale lembrar que hoje o PP ocupa cargos tanto no governo de Jerônimo quanto na gestão de Bruno Reis. Indicados dos deputados estaduais Niltinho e Eduardo Salles ocupam diretorias do Detran (Veículos e Habilitação), enquanto o ex-deputado federal Cacá Leão, filho de João Leão, é secretário de Governo de Bruno Reis. Os vereadores pepistas da capital integram a base do Palácio Thomé de Souza.