sexta-feira, 19 de abril de 2024

Comandante do Exército associa ações na Amazônia a redução de desmate inexistente

Foto: Marcos Corrêa/PR/Arquivo

Da Redação

O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, defendeu as operações de intervenção militar na Amazônia, que custaram R$ 550 milhões aos cofres públicos, e as associou a uma redução de desmatamento do bioma que, na verdade, não ocorreu. As informações são da Folhapress.

Através de publicação nas redes do Exército nesta terça-feira (21), Oliveira fez um balanço das ações da Força e citou as operações de intervenção militar na Amazônia, garantidas por meio de decretos do presidente Jair Bolsonaro (PL) —que autorizaram a presença dos militares na região via instrumento de GLO (garantia da lei e da ordem).

“No que tange ao meio ambiente, quero destacar as Operações Verde Brasil e Samaúma, realizadas em apoio aos órgãos de fiscalização ambiental, que apresentaram eficiente redução do desmatamento na Amazônia brasileira bem como coibiram a execução de outros crimes ambientais”, afirmou o comandante. “A Amazônia sempre será nossa prioridade.”

A Verde Brasil teve duas fases: a primeira, entre agosto e outubro de 2019, e a segunda, entre maio de 2020 e abril de 2021. A Samaúma veio em seguida, entre junho e agosto de 2021.

O dado mais consolidado do desmatamento da Amazônia, medido pelo Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostrou um recorde de devastação em 15 anos.

O desmatamento entre agosto de 2020 e julho de 2021 –período que compreende a Verde Brasil 2 e a Samaúma– foi de 13.235 km², índice mais elevado desde 2006. O número representa um aumento de 22% em relação ao período anterior.

O governo Bolsonaro decidiu encerrar as intervenções militares na Amazônia, que se sobrepunham à atuação dos órgãos com expertise na repressão ao crime ambiental: Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

Na mesma mensagem, de pouco mais de 13 minutos, Oliveira disse: “Reafirmo o compromisso da Força com suas missões constitucionais”.

O general chegou ao cargo de comandante após a maior crise militar desde a década de 70. Em março, Bolsonaro demitiu o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e os comandantes de Exército, Aeronáutica e Marinha, numa ofensiva para ampliar a influência e o apoio nas Forças.

Oliveira, por sua vez, arquivou processo administrativo disciplinar aberto para apurar a conduta do general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que subiu num palanque político e discursou ao lado de Bolsonaro, em maio. O comandante do Exército atendeu ao desejo do presidente e do ministro da Defesa.

“Sinto-me imensamente honrado em comandar essa instituição sólida, coesa, competente e respeitada pelo povo”, afirmou Oliveira na mensagem de fim de ano. “É inegável a confiança que o povo brasileiro tem no Exército, e isso pode ser ratificado e tem sido expresso pela sociedade por intermédio dos mais altos índices de credibilidade que nossa instituição mantém em nosso país.”

Pesquisa do Datafolha divulgada em setembro de 2021 mostra que as Forças Armadas ocupam o primeiro lugar do ranking de confiança popular: 37% confiam muito e 39% confiam um pouco.

A desconfiança, porém, aumentou numericamente em relação a dois anos atrás e atingiu a taxa mais alta da série histórica, iniciada em 2017. Em 2019, eram 19%. Em 2021, 22%.

Para 2022, o comandante do Exército afirmou ter “esperança de que a vida terá sua normalidade restabelecida”. Ele apontou ações da Força relacionadas ao combate à pandemia.

22 de dezembro de 2021, 16:10

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