Diniz deveria ter seguido o exemplo de Telê Santana – por Ronaldo da Guia
Ronaldo da Guia, especial para o TodaBahia.
Fernando Diniz foi “corajoso” e isso custou ao Fluminense a possibilidade de pelo menos disputar o título contra o Manchester City. Com 40 segundos de jogo, já estava 1 a zero para o City num erro de Marcelo.
A coragem de Diniz é messiânica. Teimou em enfrentar o City de Pep Guardiola tocando a bola em frente da sua pequena área para sair jogando. Isso funciona com outros times. Não funcionou contra os ingleses acostumados a sufocar o adversário.
O Fluminense se desgatou para sair da sua própria área e mal conseguia passar do meio de campo. Quando conseguiu, Ganso deu um passe genial para Kano. Ederson teve de derrubar o goleador argentino mas Kano estava impedido por um tronco. A máquina tirou a dúvida mas o auxiliar do juiz já tinha marcado fora de jogo.
Marcelo, Ganso, Felipe Melo e Xavier sofriam com a intensidade dos ingleses. Sem espaço, Keno tentou fazer um gol do meio de campo.
O primeiro tempo terminou 2 a zero, em mais uma falha na defesa e um lance de azar de Nino. Diniz poderia ter entrado com Fábio, Guga, Nino, Marlon e Diogo Barbosa; Richard, André Martinelli e Arias; John Kennedy e Kano. Era um time mais competitivo para jogar no contra-ataque. Mas que ele nunca sequer cogitou usar contra o City. Tentou rejuvenescer o time no segundo tempo mas não adiantou e o quatro a zero saiu ao natural.
Arias, o melhor em campo pelo Flu, que forçou Ederson a evitar um gol de cabeça, JK, André, Martinelli e Fábio mereciam melhor sorte. Diniz agiu igual a Muricy em 2011, que enfrentou o Barcelona jogando do mesmo jeito que disputava a Libertadores. Levou também um sonoro 4 a 0 do time de Messi e companhia.
Diniz não é Telê Santana que depois fracasso com a belíssima Seleção de 82 na Espanha diante da Itália, e em 86 no México contra a França nos pênaltis, aprendeu a lição e se reinventou. Na década de 90, ganhou duas libertadores e dois mundiais de clube no Japão contra Barcelona e Milan com times que jogavam bonito, mas sabiam se defender, e contava com jogadores jovens e velozes. O único veterano em campo era Toninho Cerezzo, contra o Milan em 93. Cerezzo foi decisivo.
Diniz não preparou o time para tentar pelo menos gahar o jogo, com um esquema alternativo. Diniz já está na história do Fluminense. Mas não pode ser um teimoso messiânico.