É bom passar uma tarde entre Vinhos Verdes de Portugal – por José Falcón Lopes
“O sucesso das uvas Alvarinho e Pedernã (Arinto) ajudou muito a região dos Vinhos Verdes a confiar nos vinhos brancos”. Assim o jornalista Alexandre Lalas, editor da revista Gula e um dos maiores especialistas em vinhos portugueses do Brasil, resumiu o crescente sucesso dos rótulos produzidos pela região dos Vinhos Verdes.
Na semana passada, Lalas e o sommelier Alexandre Takkei apresentaram em Salvador a masterclass “Região Demarcada dos Vinhos Verdes: A diversidade e as potencialidades de um terroir único”. O evento foi patrocinado pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) com a finalidade de apresentar ao consumidor baiano as principais características desta importante região vinícola, com destaque para suas consagradas castas brancas Alvarinho, Arinto, Avesso, Azal, Loureiro e Trajadura; que estão abrindo espaço para bons vinhos produzidos com suas castas tintas Alvarelhão, Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro e Vinhão.
A masterclass contou com um flight composto por oito vinhos: o Pét-Nat Morgado da Vila 2021 (50% Alvarinho e 50% Loureiro) produzido pela Quinta da Lixa; o Foral de Atei 2022 com 100% casta Azal da Carneiro Family Wines; o Azevedo 2024 (30% Alvarinho e 70% Loureiro) da Sogrape Vinhos; o Encosta do Grandinho com 100% casta Alvarinho do produtor Encosta do Grandinho (atual vencedor da Vinho Verde Fest de Braga); o Alvarinho Deu-La-Deu 2023 da Adega Cooperativa Regional de Monção; o Solos de Xisto com 100% casta Loureiro da Adega Ponte de Lima; o Reserva de Sócios com 100% casta Loureiro da Adega Cooperativa Ponte da D’Barca; e o Magnate 2015 com 100% casta Alvarinho produzido por Manuel Costa e Filhos. Clique aqui para baixar as fichas técnicas dos vinhos.
Alexandre Takkei explica que a ideia do evento foi mostrar que a região dos Vinhos Verdes traz um mundo de diversidade de estilos. “Desde brancos jovens e leves a exemplares mais estruturados e com potencial de guarda, além de tintos, espumantes e até aguardentes vínicas. Para mim foi muito gratificante ver um público de profissionais experientes no mundo do vinho e da gastronomia descobrindo e se encantando com esse novo universo”, comemorou.
Vinhos Verdes
Uma região de verde exuberante o ano todo, irrigada por sete rios – Minho, Lima, Cávado, Ave, Douro, Sousa e Tâmega -, cujos vales abrem caminho para a brisa úmida do Oceano Atlântico e fazem os vinhedos brotarem mesmo em solos rochosos de granito, de xisto e de aluvião. Este é o terroir da região dos Vinhos Verdes, localizada no norte de Portugal, que produz vinhos únicos, principalmente de castas brancas consagradas.
O evento realizado em Salvador pela CVRVV contou também com uma degustação gratuita de mais de 100 rótulos trazidos por 15 dos produtores da região: 3 Rostos, Adega de Monção, Adega de Ponte de Lima, Aveleda, Barcos Wines, Carneiro Wines, Encosta do Grandinho, Manuel Costa & Filhos, Quinta d`Amares, Quinta da Lixa, Quinta da Raza, Quinta do Tamariz, Quinta São Gião, Sogrape e Vercoope.
Vale explicar que a região possui a D.O. (Denominação de Origem) Vinhos Verdes desde 1959, mas a subregião de Monção e Melgaço possui uma D.O. específica por ser considerada o berço da casta Alvarinho.
Ricardo Bastos, gerente de vendas da Adega Cooperativa Regional de Monção, explica que os Vinhos Verdes são, em geral, vinhos frescos de mar e piscina, que combinam com o clima quente da Bahia. Ele sugere a harmonização dos Vinhos Verdes com massas e peixes, principalmente salmão.
Mafalda Teixeira Coelho, proprietária da Quinta da Raza, também entende que o estilo dos Vinhos Verdes é adequado para a Bahia devido ao clima, à praia, à gastronomia rica em frutos do mar e o estilo de vida mais leve do povo baiano. “São vinhos de praia e piscina com um frescor muito bom”, resume.
Mónica Bértolo, gerente de exportações da adega 3 Rostos, considera os Vinhos Verdes uma região distinta em Portugal pela forte expressão da natureza e também dos seus vinhos. Ela explica que o enólogo Antonio Souza, responsável pelo projeto da 3 Rostos, gosta de revelar o potencial de cada casta nos seus vinhos tendo os blends da linha Barrete como linha de entrada, a Flor de Linho como linha mais comercial e o Nativo (blend de Avesso e Alvarinho) como reserva.
Alguns rótulos produzidos nos Vinhos Verdes podem ser encontrados com facilidade na Bahia como é o caso do Azevedo (linha de entrada) e do Quinta do Azevedo, ambos produzidos pela Sogrape e que são importados pela Sost Distribuidora.
Ou ainda a linha Pardalito (Branco, Rosé e Branco Doce), produzida pela Barcos Wines, nome comercial da Adega Ponte D’Barca e Arcos de Valdevez, que é importada para todo o Brasil pela Porto a Porto.
Mas a maioria dos rótulos dos Vinhos Verdes – muito bons rótulos de excelente custo-benefício – permanece sem importador e desconhecida do grande público no Brasil, como é o caso dos vinhos produzidos pela Adega Encosta do Grandinho. Tomé Souza, diretor comercial da empresa, apresentou ao público soteropolitano o vinho que carrega o nome da casa, com uvas 100% Alvarinho, vencedor do Vinho Verde Fest 2024 da cidade de Braga.
Ao final da degustação, as garrafas que ele trouxe foram disputadas “a tapa” – e em bons euros – pelos enófilos baianos.
Quem quiser conhecer mais sobre os vinhos verdes pode acompanhar o perfil do Instagram @vinhosverdesbrasil.
José Falcón Lopes é hispano-brasileiro e jornalista.
E-mail: colunavinhosbahia@gmail.com
Instagram: @VinhosBahia