Maioria dos brasileiros apoia aumento de impostos para bilionários, bancos e empresas de apostas online, aponta pesquisa

Da Redação
A maior parte da população brasileira é favorável ao aumento de impostos sobre bilionários, instituições financeiras e empresas de apostas esportivas online. De acordo com levantamento da AtlasIntel, encomendado pela coluna de Raquel Landim, do portal UOL, 58% dos entrevistados se declararam a favor da chamada “taxação BBB” — referência a bilionários, bancos e bets — enquanto 37% se mostraram contrários à medida.
O resultado dá respaldo à campanha nas redes sociais promovida por partidos de esquerda, especialmente o PT, que tem defendido publicamente o aumento da carga tributária sobre os mais ricos como instrumento de justiça fiscal.
Segundo Andrei Roman, fundador e CEO da AtlasIntel, o apoio popular a essa proposta se conecta a uma percepção difundida de que o sistema político favorece os mais ricos.
“No imaginário popular, o Congresso está ao lado dos ricos e é corrompido. Se você cria uma narrativa que dialoga com essa ideia, ela cola”, afirmou Roman. “Não necessariamente as pessoas entenderam todos os assuntos ao pé da letra.”
O levantamento também investigou a percepção pública sobre a decisão do Congresso Nacional de derrubar um decreto presidencial que previa o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A resposta da população foi dividida: 39,9% acreditam que a medida beneficiou o setor empresarial e o mercado financeiro, enquanto 37,8% consideram que o Legislativo atuou para proteger os cidadãos de novos aumentos de tributos.
O IOF incide sobre operações como empréstimos, financiamentos e uso do cheque especial. Embora sua função seja regulatória, ele afeta diretamente pessoas físicas e jurídicas.
A pesquisa também apontou que 42,4% dos entrevistados veem o governo federal como mais responsável fiscalmente do que o Congresso Nacional. Apenas 21,8% confiam mais nos parlamentares nesse aspecto, enquanto 34,7% afirmam que nenhum dos dois poderes demonstra responsabilidade com as contas públicas.
O dado contrasta com a visão de parte do empresariado e da elite econômica, que costuma criticar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “gastador”, vendo o Congresso como um contrapeso às iniciativas do Executivo.
“O Congresso teve uma espécie de confiança excessiva, um complexo de superioridade em relação ao governo nessa crise do IOF. Tocou sua agenda sem pensar que existia qualquer capacidade de reação do governo. Exageraram”, avaliou Andrei Roman.
A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 7 de junho de 2025 por meio de recrutamento digital aleatório. A amostra é representativa da população brasileira adulta, com margem de erro de três pontos percentuais e nível de confiança de 95%.