sexta-feira, 29 de março de 2024

Na ONU, Bolsonaro distorce dados e defende tratamento sem eficácia contra Covid-19

Foto: Reprodução

Da Redação

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), durante discurso na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, usou dados distorcidos para exaltar a política ambiental e o desempenho da economia brasileira durante o seu governo, e defendeu a adoção de tratamento precoce contra a Covid-19.

“Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso ‘off-label’ [fora do que prevê a bula]. Não entendemos por que muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos”, disse Bolsonaro, nesta terça-feira (21).

O tratamento precoce, por meio de remédios como cloroquina e ivermectina, vem sendo defendido pelo presidente desde o ano passado. Porém, cientistas já comprovaram a ineficácia deles contra a Covid.

No discurso, Bolsonaro também falou sobre a preservação da Amazônica, afirmando que “na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior”.

Essa redução percentual é verdadeira: em agosto de 2020, houve 1.359 km2 da Amazônia Legal sob alerta de desmatamento, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em agosto deste ano, foram 918 km2 – a queda corresponde a 32%.

Os dados, porém, não traduzem toda a realidade ambiental e ignoram o contexto de avanço da destruição sob a gestão do atual governo.

Em 2021, por exemplo, a Amazônia teve o primeiro semestre com a maior área sob alerta de desmate em 6 anos.

Apesar de ter havido uma queda de 5% no desmatamento da Amazônia entre as temporadas de 2019-20 e 2020-21, as áreas sob alerta nos dois períodos ainda são as maiores desde 2015, quando o Inpe começou a medi-las.

O presidente disse ainda que 84% da floresta está “intacta” e convidou os presentes na assembleia a visitar a floresta.

Entretanto, de acordo com o Inpe, o desmatamento acumulado hoje na Amazônia corresponde a mais de 800 mil km2. A área original da floresta monitorada por satélite nos nove Estados da Amazônia Legal é de 3.994.454 km2. Ou seja, foram desmatados cerca de 20% da floresta, permanecendo 80% de pé. Com informações do G1.

 

21 de setembro de 2021, 13:30

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