No Nordeste, vitoriosos do PL nas eleições municipais “esconderam” Bolsonaro das campanhas
Da Redação
O PL elegeu, neste domingo (27), mais um nome para governar uma capital do Nordeste: Emília Corrêa (foto), em Aracaju. Ligada a uma direita mais moderada, ela foi eleita, no entanto, sem usar a imagem ou citar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os candidatos verdadeiramente bolsonaristas que disputaram o segundo turno na região perderam o pleito: o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL), em João Pessoa (PB), e André Fernandes, em Fortaleza (CE).
No primeiro turno, o PL já havia eleito um prefeito no Nordeste, região que sempre foi o principal reduto eleitoral do presidente Lula (PT). A legenda de Bolsonaro havia vencido em Maceió (AL), com o jovem João Henrique Caldas (JHC). Vale lembrar que o ex-presidente derrotou o petista na cidade em 2022. Foi a única capital nordestina em que Lula não ganhou.
Entretanto, JHC também se deu bem nas urnas sem usar a imagem ou citar Bolsonaro na campanha. A exemplo de Emília, ele nunca foi do núcleo bolsonarista e ideológico do partido. Durante a campanha, os dois adotaram um discurso mais moderado e focado nas questões locais.
O prefeito eleito de Maceió se filiou ao PL no primeiro turno da eleição presidencial de 2022, deixando o PSB, partido que saiu fortalecido no pleito deste ano no Nordeste. JHC nunca se encontrou com Bolsonaro após aquela disputa presidencial. Já Emília, que sempre foi uma política mais tradicional da direita sergipana, entrou no PL em março deste ano, após sair do Patriota.
Vale lembrar que o PL também foi o partido que mais elegeu prefeitos no Maranhão. Foram, no total, 40 vitórias em 216 municípios do Estado. Mais de 90% dos eleitos, no entanto, ficaram distantes do bolsonarismo. O Rio Grande do Norte foi outro Estado em que a sigla teve um bom desempenho, com 20 gestores municipais eleitos, utilizando a mesma estratégia.
A Bahia foi um dos estados nordestinos em que o PL teve o pior desempenho. O partido lançou apenas 27 candidatos a prefeito, e só conseguiu vencer em uma cidade: Jânio Natal foi reeleito em Porto Seguro. Nesse caso, Jânio também não mostrou ou citou o ex-presidente da República na campanha. A legenda só elegeu 61 vereadores nas cidades baianas, desempenho considerado pífio.
“O PL venceu na Bahia onde fez política de verdade, sem apostar em ideologia ou usar o discurso bolsonarista. Veja que os vereadores eleitos em Salvador, por exemplo, esconderam Bolsonaro da campanha, mesmo aqueles mais ideológicos. Se o comando do partido tivesse feito política de verdade, o desempenho teria sido melhor”, avaliou reservadamente um deputado da sigla em conversa com o Toda Bahia.
Na capital, o PL reelegeu o vereador Alexandre Aleluia e elegeu o ex-vereador Cézar Leite, que retorna à Câmara Municipal. Nos materiais de campanha publicados nas redes sociais, Bolsonaro foi de fato escanteado. Os dois optaram por “colar” na imagem do prefeito Bruno Reis (União), que foi reeleito com percentual histórico.