quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Pablo, qual é a música ? – por Alberico Gómez

Foto: Divulgação/Band

Silvio Santos perguntava ao seu assistente de palco o bordão acima que dá título a essa breve análise no mundialmente famoso quadro de televisão “Qual é a música ?”. O coach outsider (pleonasmo?) Pablo Marçal (PRTB) está dando o tom da valsa nas eleições para a prefeitura de São Paulo, maior capital da América Latina.

Agora, o TSE praticamente garantiu Marçal no segundo turno com essa atitude de cassar as suas redes sociais. A melhor forma de combater quem não tem legitimidade é ignorar o dito cujo. Vá dizer isso a um político. Poucos têm essa capacidade de discernimento.

Em 2020, em plena pandemia, São Paulo viveu um segundo turno civilizado entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Covas venceu, mas o câncer o levou . Ricardo Nunes ( MDB), ex-vereador, assumiu a prefeitura e tenta a reeleição. De perfil baixo, conta com o apoio do governador Tarcísio Freitas (Republicanos) e Bolsonaro.

Espera-se alguma revolta de Nunes para que ele possa enfrentar Marçal. Por enquanto está engessado pelo figurino dos padrinhos e marqueteiros – Bolsonaro até conseguiu lhe impor um vice militar.

Parecia ou parece ser a vez de Boulos. Mas há uma certa arrogância de ungido no candidato do PSOL. “Não vou permitir um bandido como Marçal nem um incompetente como Nunes”, diz Boulos, candidato dos ricos que parece fingir ser pobre. É um quadro orgânico do PSOL quem vem se “apetezando” a cada eleição. Os absurdos que Marçal fala de Boulos só têm, se é que têm, alguma aderência porque Boulos, em boa medida tentar ser o que não é.

Eleita pelo PDT e em segundo mandato de deputada federal agora pelo PSB, de origem humilde, que conseguiu estudar em universidade americana como bolsista, Tabata Amaral encontra eco na classe média dita esclarecida e poderia ou poderá ser prefeita de São Paulo desde Marta Suplicy em 2000, que foi precedida por Luiza Erundina, ambas eleitas pelo PT. Com apenas 30 anos, Tabata não consegue ser uma candidata forte até porque o seu perfil de esquerda universitária não tem vingado nesses tempos de candidatos saídos das redes sociais.

José Luiz Datena (PSDB) procrastinou tanto a candidatura a prefeito que quando decidiu ser o PSDB já não tem a força que tinha e a televisão já não tem mais a importância que tinha como veículo de comunicação para construir candidatos favoritos . Mas, se os eleitores forem fiéis, Tabata e Datena terão peso político no apoio a quem estiver contra Marçal.

Nessa eleição desregulamentada, onde a internet tem papel cada vez mais decisivo, Pablo Marçal e sua imensa folha corrida encontrou espaço na cabeças dos “instragramavéis”, nós que acreditam que podem ter prosperidade clicando no “saiba mais “. Mas sim, Pablo é real, a eleição é real. Ao contrário do seu “tio” Bolsonaro, que passou quase 30 anos como deputado federal, Marçal já quer começar como prefeito de São Paulo – se elegeu deputado federal em 2022 pelo PROS ,mas a candidatura foi indeferida pelo TRE. A inteligência artificial de Pablo Marçal assusta os tradicionais partidos políticos de São Paulo e até Bolsonaro . Resta saber se ele vai se segurar nessa reta final. Pablo, qual é a música ?

24 de agosto de 2024, 17:46

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