sábado, 4 de maio de 2024

Rapidinhas: As emendas e o soneto, a jaca de Lula e o doutor indesejado

Foto: Divulgação

Davi Lemos

Emendas
Governo novo, velhos problemas. A relação do governador Jerônimo Rodrigues com a sua base de sustentação na Assembleia Legislativa reedita um dor de cabeça – principalmente dos parlamentares – que era useira e vezeira no governo do antecessor e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa. O petista vive sob a reclamação dos deputados que pedem o pagamento de emendas e o reflexo disso é a dificuldade para conseguir quórum em sessões importantes na Casa Legislativa. No lançamento no novo portal oficial do governo, quase nenhum parlamentar apareceu. Jerônimo, por sua vez, disse que não ouvia reclamações e que as emendas já começariam a ser pagas a partir desta quarta-feira (8).

Prazo
Jerônimo, por outro lado, ainda precisa lidar com outro abacaxi daqueles: a definição do nome que una toda a base para disputar a Prefeitura de Salvador. O PT soteropolitano quer um candidato e insiste em Robinson Almeida, ou qualquer outro que carregue o 13 nas urnas e alavanque a votação em uma bancada. Um petista ouvido por esta coluna vê a possibilidade não somente de crescimento da bancada do União Brasil, puxada pela campanha de reeleição de Bruno Reis, bem como a do PL, partido que vem com muito dinheiro e com um cabo eleitoral que deve levar muitos votos à chapa, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Pedirá votos
As eleições do ano que vem são fundamentais para 2026, para a formação de uma base de prefeitos que dê sustentação para quem deseja se manter ou para quem quer retirar da morada o atual inquilino do Palácio de Ondina e também ao Palácio do Planalto. Em 2020, o ex-presidente Jair Bolsonaro não investiu nem um segundo para pedir votos para prefeitos e vereadores e, sem segurar verbas para opositores, deu espaço para a eleição de um exército contra si. A indiferença às eleições principais, na época, desagradou muitos membros do extinto PSL que não viram o poderio ser transformado em controle de prefeituras; mas em 2024, Bolsonaro avisou que pedirá votos para o PL. É esperar para ver.

Vale à pena?
O PT, notadamente Jerônimo, está em uma encruzilhada. Se atender ao pleito dos petistas soteropolitanos, pode perder o apoio do MDB em municípios como Feira de Santana e Vitória da Conquista. A “retaliação” também poderia ocorrer em outros municípios, com os diretórios locais emedebistas sendo liberados para apoiar candidaturas contrárias ao PT como em Camaçari e Lauro de Freitas, cidades “caríssimas” para o petismo. Tudo, claro, sob o pano de fundo das condições específicas de uma eleição municipal.

Pancadinha no prefeito
O deputado estadual Pancadinha (Solidariedade), que não costuma se manifestar muito nos embates da Assembleia Legislativa, foi à tribuna na sessão desta segunda-feira (6), para cobrar do prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), crédito pelas emendas que são enviadas ao município por parlamentares de oposição. Ele anunciou que, na quarta-feira (8), chegará um ambulância ao município. “O nosso prefeito lá, que é oposição, é contra o Pancadinha colocar emenda. Nessa quarta-feira tem emenda para a saúde. Colocamos um milhão de reais através do deputado federal Elmar Nascimento”, citou. Ele ainda denunciou que “a prefeitura não pagou a limpeza pública da cidade”. Pancadinha é pré-candidato a prefeito de Itabuna.

Lula entende de jaca?
O deputado estadual Diego Castro (PL) criticou de forma inusitada a declaração do presidente Lula, no dia da prova do Enem, com uma jaca na mão. “Às vesperas do Enem, [Lula] aparece com uma jaca na mão, querendo mandar uma mensagem que ninguém entendeu nada ou coisa alguma, como é típico do seu dia-a-dia: falar e não dizer nada. Aliás, de jaca ele entende bem, afinal, em nove meses de governo, já cagou muito”, discursou o parlamentar ao forçar uma cacofonia. Em tempos de pouco trabalho, já que os deputados estão esperando a chegada das emendas, temos isso na Assembleia.

Rejeição ao doutor
O PL pretende formar uma chapa forte de vereadores em Salvador para chegar a pelo menos cinco nomes na bancada a partir da legislatura de 2025, mas alguns nomes já filiados à sigla não querem ver a chegada nessa barco do ex-vereador Cézar Leite, que iniciou ligado ao MBL na Bahia e atualmente defende as pautas bolsonaristas. A leitura é que os liberais querem, sim, uma chapa forte, mas que não tenha tanto apelo junto às bases bolsonaristas. Entendem, por exemplo, que a candidatura do ex-prefeito João Henrique a vereador, cuja filiação ao partido deve ser confirmada, seria menos prejudicial, pois o ex-pedetista e ex-emedebista não roubaria votos ideológicos. Na conta dos bolsonaristas, o doutor pesa mais que o ex-prefeito.

Última cartada
Talvez como uma última cartada para ficar no PDT, o vereador de Salvador Anderson Ninho vai entregar, nesta quinta-feira (09), às 18h, o título de cidadão de Salvador ao presidente licenciado do partido e atual ministro da Previdência, Carlos Lupi. O edil deseja concorrer à reeleição pelo partido, mas como não apoiou nenhum pedetista para deputado estadual ou federal no pleito de 2022, foi convidado a sair da legenda. Lupi vem a Salvador para participar de uma homenagem da Câmara ao deputado federal Leo Prates (PDT), e Anderson Ninho aproveitou o momento para “encaixar” a entrega do título na agenda do ministro.

06 de novembro de 2023, 19:19

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