quinta-feira, 25 de abril de 2024

Rapidinhas: Leão não quer mais carimbo na testa, o coronel escanteado e a demora tática de ACM Neto

Foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado

Davi Lemos

Carimbo na testa

O vice-governador João Leão (PP), pré-candidato ao Senado, mudou o discurso em relação à disputa presidencial. Antes, o pepista dizia que o desejo era apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principalmente se houvesse um pedido do ex-aliado nesse sentido. Agora, tem seguido a linha adotada pelo companheiro de chapa e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), postulante ao governo desinteressado em nacionalizar a disputa na Bahia. “Não vou colocar carimbo com candidato à Presidência na minha testa”, afirmou Leão à coluna.

Obra travada

Antes mesmo do rompimento do PT com o PP, o governador Rui Costa já vinha matracando a autorização de uma obra de interesse do prefeito de Jequié, o pepista Zé Cocá, presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB). Cocá sonha em ver reformada a Ceasinha da cidade que administra, mas o início das intervenções esbarrou no pedido do governador para que a cidade tivesse um candidato próprio, da base, a deputado federal. O prefeito disse que não poderia retirar o apoio ao deputado Cacá Leão, liderança do PP que, ao lado do também federal Leur Lomanto Júnior (União), somam R$ 57 milhões em emendas destinadas ao município. Segundo o gestor, nunca houve nada parecido em relação ao aporte de recursos para Jequié.

Coronel, Jaques Wagner e Otto Alencar (Foto: Reprodução)

Patente ignorada

Quem anda escanteado das conversações sobre a definição da chapa governista é o senador Angelo Coronel (PSD), que sequer participa de encontros com o líderes da base para decidir os rumos da majoritária e as proporcionais para as eleições de 2022. Coronel já reclamou que fica sabendo dos fatos pela imprensa, quase como João Leão, que decidiu romper. Nesta segunda-feira (28), o correligionário Otto Alencar (PSD), candidato à reeleição no Senado, deu uma “colher de chá” ao amigo e estampou o rosto dele em um card compartilhado no Instagram com o trio de senadores baianos que ele deseja ver no Congresso também a partir de 2023.

Fígado

O desejo de dar o troco no ex-prefeito ACM Neto, que conseguiu levar para a sua base o PP, tem atrapalhado, no entender de um destacado quadro da esquerda baiana, os entendimentos para a escolha do candidato a vice na chapa de Jerônimo Rodrigues, pré-candidato do PT a governador. O Palácio de Ondina trabalha pesado para levar de volta ao grupo o MDB dos irmãos Vieira Lima. “Já temos partidos com dificuldade para ter quadros que garantam a reeleição de suas bancadas e ainda temos que atender às imposições de Lúcio?”, disse a fonte, que considerou que essa operação está sendo conduzida mais pelo fígado do que pelo cérebro. Entre as imposições de Lúcio está a filiação ao ninho emedebista de candidatos governistas competitivos nas eleições proporcionais.

Demorou

Uma liderança do MDB, em conversa com esta coluna, comentou que ACM Neto demorou muito para arrumar a casa do partido e, agora, em cima do laço, tenta contornar os efeitos da paralisia anterior. “Ele ficou esperando o PP, pois já sabia que as chances de rompimento eram grandes, e esqueceu de cuidar do MDB”, disse o emedebista. Como revelou esta coluna em fevereiro, Geraldo Jr., presidente da Câmara Municipal de Salvador e pré-candidato a deputado federal, avisou que desistiria da disputa se ACM Neto não garantisse 200 mil votos à sigla.

Tática netista

ACM Neto pretende esticar ao máximo o prazo para escolher o vice na chapa, para desespero dos pretendentes que têm mandato, como é o caso dos deputados federais Félix Mendonça Júnior (PDT), Márcio Marinho (Republicanos) e Marcelo Nilo (sem partido). Os três parlamentares cobram uma definição o mais rápido possível porque precisam cuidar de suas campanhas à reeleição, em caso de insucesso na briga pela indicação à majoritária – vale lembrar que Nilo sequer definiu uma legenda para filiação. Para alguns aliados de Neto, a tática do pré-candidato ao Palácio de Ondina visa favorecer o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo de Carvalho (União), que não tem mandato ou interesse em disputar outro cargo eletivo que não seja a vice.

Félix e o filho durante atividade física na Barra (Foto: Reprodução)

Mantendo a forma

Presidente do PDT da Bahia, o deputado federal Félix Mendonça Júnior mantém as esperanças de que o vice de ACM Neto vai sair do partido. Caso o escolhido seja ele, como defende o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, e o secretário municipal de Saúde, o também pedetista Leo Prates, o parlamentar tem procurado manter a forma e feito caminhadas longas aos finais de semana para encarar a disputa majoritária. No sábado (26), foi visto na orla da cidade mantendo a forma ao lado do filho Rafael.

Chá de cadeira

Na quinta-feira (24), prefeitos e deputados esperaram muito mais do que o programado para um encontro com o governador Rui Costa. O petista estava reunido em seu gabinete por mais de quatro horas com o senador Jaques Wagner (PT). Na pauta, as estratégias para atrair o MDB para a base. Um dos prefeitos com agenda brincou: “Depois o pirão de café, o chá de cadeira”. Os prefeitos e parlamentares deveriam começar a ser recebidos 16h, mas já se aproximava das 21h quando os despachos começaram. Em tempo: em seus discursos pelo interior, Rui fala constantemente de como a mãe dele preparava pirão de café para dar força diante da escassez de outros recursos alimentícios.

Foto publicada por Jerônimo no Instagram (Foto: Reprodução)

Verde nas redes

Pré-candidato do PT ao governo, Jerônimo Rodrigues, secretário estadual de Educação, ainda demonstra muito pouca intimidade com as redes sociais. Ontem (27), ele postou no Instagram uma foto sorrindo de forma simpática com uma legenda fazendo referência ao “nível de alegria nesse domingão”. E emendou: “Sigo curtindo com a família e vocês?”. Só que não havia ninguém ao lado do secretário, que mais parecia estar num estúdio do que em um ambiente familiar dominical. Jerônimo tem 22,2 mil seguidores no Instagram, contra 84,1 mil do ministro da Cidadania, João Roma (PL), e 911 mil de ACM Neto.

Piso

O piso salarial dos professores da educação básica que foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no início de fevereiro tem tirado o sono de prefeitos que consideram estar em uma “sinuca de bico”. Se por um lado precisam cumprir a lei que determina R$ 3.845,63 de renda mínima para o magistério, por outro precisam saber como cumprir a lei sem estourar o limite de gastos com pessoal. Por isso, tem sido grande o fluxo de consultas tanto à UPB quanto ao Tribunal de Contas do Municípios (TCM) para que o cumprimento da lei do piso não ocasione o descumprimento da lei de responsabilidade fiscal.

28 de março de 2022, 17:45

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