terça-feira, 30 de abril de 2024

Globo emite nota de repúdio contra falas de Bolsonaro direcionadas a Miriam Leitão

Foto: Reprodução/TV Globo

Redação

A TV Globo emitiu uma nota ontem, ao fim do Jornal Nacional, repudiando as falas do presidente Jair Bolsonaro em relação à jornalista Miriam Leitão.

Mais cedo, durante um café da manhã com jornalistas estrangeiros, Bolsonaro disse que a comentarista de economia da TV Globo integrava a luta armada durante a Ditadura Militar e ainda colocou em dúvida a tortura sofrida por ela durante o regime.

“Ela estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada, sofreu abuso. Mentira. Mentira”, afirmou Bolsonaro aos jornalistas estrangeiros.

Em nota lida pela jornalista Renata Vasconcelos, a Globo afirma que Miriam nunca fez parte da luta armada e que ela integrou o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), trabalhando com propaganda.

“Ela foi presa e torturada grávida, aos 19 anos, quando estava detida no 38º Batalhão de Infantaria em Vitória. No auge da Ditadura de 64, em 1973, Miriam denunciou a tortura perante a primeira auditoria da Aeronáutiva no Rio, enfrentando todos os riscos que isso representava na época. Narrou seu sofrimento aos militares e ao juiz auditor, e esse relato consta nos autos para quem quiser pesquisar”, prossegue a nota.

Ainda de acordo com a Globo, “a jornalista foi julgada e absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela Ditadura. A absolvição se deu em todas as instâncias”.

Globo sobe o tom contra Bolsonaro

A nota de repúdio da Globo lembrou ainda que Miriam Leitão e seu marido, Sérgio Abranches, tiveram suas participações canceladas na 13a Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, depois de a organização do evento receber uma petição contrária à presença deles por conta do “viés ideológico e posicionamento”, lembrando anda que a jornalista foi criticada por apoiadores dos ex-presidentes Lula e Dilma, do PT, o que demonstra a sua posição “independente”.

A fala de Bolsonaro ocorreu em meio a outras consideradas controversas, como a referência feita a governadores do Nordeste como “paraíbas” e dizer ao ministro Onyx Lorenzoni que não era para “ter nada” com o governador do Maranhão, Flávio Dino. No mesmo café da manhã, Bolsonaro afirmou que é “mentira” que se passa fome no Brasil.

Ao longo do dia, houve também medidas tomadas em relação à Ancine, órgão que Bolsonaro quer transferir para Brasília e passar a ter controle sobre os projetos que são aprovados. Na edição do Jornal Nacional de ontem, foi veiculada uma longa matéria sobre o assunto, com fontes ligadas à área cinematográfica, marcando a posição da empresa, que possui um braço importante na indústria do cinema com a Globo Filmes, contra as propostas do governo Bolsonaro.

20 de julho de 2019, 09:47

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