sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Chacina do Cabula completa 10 anos sem punição para policiais envolvidos

Foto: Divulgação

Da Redação

Há exatos dez anos, no dia 6 de fevereiro de 2015, a Vila Moisés, no bairro do Cabula, em Salvador, foi palco de uma operação da Polícia Militar que terminou com a morte de 12 pessoas e deixou outras seis feridas. O episódio, que ficou conhecido como “Chacina do Cabula”, teve repercussão internacional e ainda hoje segue sem responsabilização dos envolvidos. Os nove policiais acusados foram absolvidos pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) e continuam atuando na corporação.

“A maioria dos policiais segue trabalhando. Alguns foram presos por outros crimes, como sequestro e extorsão. Outros se tornaram influenciadores e passaram a nos ameaçar, mas seguimos resistindo”, afirma Hamilton Borges, fundador do movimento Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto, que tem apoiado as famílias das vítimas, inclusive juridicamente. A entrevista para o Correio.

O ativista relata que o tempo minou a esperança de parte dos moradores. “Nesse período, duas avós das vítimas morreram. Não foi diabetes, nem derrame. Foi tristeza. Elas definhavam porque não viram a justiça ser feita”, lamenta.

Na ação policial, jovens com idades entre 15 e 26 anos foram mortos – quatro deles eram adolescentes. “Nenhum tinha passagem pela polícia”, reforça Hamilton.

Na época, o caso chegou a ser levado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), e a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou sua federalização. No entanto, em 2019, o pedido foi negado após o TJBA retomar o processo para a esfera estadual. “Isso foi uma forma de procrastinar o caso”, avalia Hamilton. O processo segue em segredo de justiça.

06 de fevereiro de 2025, 14:40

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