segunda-feira, 14 de julho de 2025

Mauro Cid diz à PF que advogados ligados a Bolsonaro tentaram acessar informações de sua delação premiada

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Da Redação

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal que advogados de réus envolvidos na trama golpista de 2022, incluindo defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tentaram obter informações sobre seu acordo de delação premiada por meio de contatos com seus familiares.

As declarações integram um inquérito conduzido pela PF que apura se advogados de investigados atuaram para atrapalhar as apurações sobre a tentativa de golpe de Estado, que visava manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas urnas.

Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal tomará o depoimento de advogados ligados ao ex-presidente após surgirem indícios de obstrução de Justiça.

Segundo Cid, a imagem divulgada por esses defensores como suposta prova de que ele teria discutido a delação por meio de uma conta em rede social foi, na verdade, fruto de um vazamento. Ele negou a autoria do perfil “Gabrielar702” e afirmou desconhecer quem teria criado a conta.

O militar também negou ter tratado da colaboração com o advogado Eduardo Kuntz, que representa Marcelo Câmara, outro investigado no caso. Ainda assim, afirmou que recebeu, em maio de 2023, visitas de Kuntz e de Fábio Wajngarten, que atuava na defesa de Bolsonaro, enquanto estava preso.

Cid revelou que as abordagens não se limitaram a ele. Segundo seu depoimento, advogados buscaram contato constante com sua mulher, mãe e, inclusive, sua filha menor de idade. Os contatos ocorreram, segundo ele, principalmente entre o segundo semestre de 2023 e o início de 2024.

“Que ao analisar o telefone celular de sua filha, identificou que os advogados Luiz Eduardo de Almeida Kuntz e Fábio Wajngarten estavam mantendo contato constante com sua filha menor G.R.C, por meio dos aplicativos WhatsApp e Instagram”, registra o relatório da PF.

Cid acusou Kuntz de ter se aproveitado da ingenuidade da adolescente para tentar acessar informações sigilosas. “Estabeleceu esse contato para obter informações sobre o acordo de colaboração firmado pelo declarante e, com isso, obstruir as investigações em andamento”, afirmou à PF.

O caso ainda está em investigação e pode agravar a situação jurídica de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

26 de junho de 2025, 13:50

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