Efeito Trump pode ressuscitar o Pai dos Pobres 2.0

Alberico Gomez
A ideia de uma moeda própria para os países do Brics defendida por Lula foi a senha para que Trump taxasse os produtos brasileiros em inacreditáveis e insustentáveis 50%. Uma resposta dura para uma ideia infantil e inviável (uma moeda que substituísse o dólar ou quiçá o euro no comércio exterior entre países, numa realidade aonde as cripto moedas fazem uma sonegação fiscal que vai das bets ao tráfico de drogas passando pelos jogos dos tigrinhos).
O presidente norte-americano usou a defesa de Bolsonaro como pano de fundo de araque para taxar brutalmente a indústria do Brasil. O governo Lula que já vinha ressuscitando eleitoralmente na presepada infantil dos presidentes da Câmara e do Senado, que derrubaram um projeto de lei presidencial pela primeira vez nos últimos 38 anos, no caso da taxação do IOF, pegou uma onda que de início era uma marola.
Agora, além da luta dos ricos contra os pobres, Trump também deu a Lula o discurso do nacionalismo, numa espécie de nova campanha “O Petróleo é nosso”, que solidificou o presidente Getulio Vargas, o primeiro pai dos pobres.
O Estado de São Paulo, jornal crítico ao governo, fez um editorial dizendo que o Brasil não deve se vergar a um presidente norte-americano que envergonha a democracia. A edição do Jornal Nacional ontem foi um editorial a favor do Brasil e consequentemente a favor do governo Lula. O relatório do BTG divulgado hoje cedo para os clientes e acionistas do maior banco de investimentos da América Latina apontava um favorecimento eleitoral de Lula diante das medidas de Trump.
Lógico que Lula e o PT colocaram a culpa em Bolsonaro, que tem o filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo, “exilado” nos Estados Unidos, pedindo há muito tempo sanções contra o Brasil por causa do julgamento do pai.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Progressistas), hoje provável candidato da oposição contra Lula, resolveu ir para cima. Culpou o governo, pediu indulto para Bolsonaro e foi se encontrar com o ex-presidente jurando fidelidade. Foi chamado de vassalo pelo ministro Haddad.
Era para ter ficado quieto. Um economista viu hoje uma cliente de baixa renda tentar dividir uma compra numa loja do Atakarejo em dez vezes. Ouviu da moça do caixa que poderia ser em três vezes. “Pode ser em três vezes. Enquanto meu Pai Lula estiver aí eu posso pagar “, devolveu a cliente. Está muito longe de outubro de 2026. Os partidos do Centrão e os bolsonaristas já davam Lula como morto.
O fator Trump começa a ressuscitar o Pai dos Pobres 2.0. Tudo pode mudar. Mas hoje a bola está voltando para o governo Lula. E o passe foi de Trump .