domingo, 13 de julho de 2025

Bahia e Sergipe se unem para discutir legalização e valorização da cultura da espada

Foto: Divulgação

Da redação

Uma comitiva da Bahia, composta por representantes de 10 municípios, foi recebida por autoridades sergipanas — incluindo o prefeito, secretários e lideranças comunitárias — para discutir a legalização, regulamentação e os cuidados com a tradicional soltura da espada e do barco de fogo. O encontro reforça o elo cultural entre os dois estados e valoriza uma prática que resiste ao tempo como símbolo de identidade, ancestralidade e economia popular.

Idealizada pelo ex-prefeito de Castro Alves, Thiancle Araújo, e pelo ex-prefeito de Conceição do Almeida, Ito de Bega, a iniciativa busca não apenas o fortalecimento da cultura da espada, mas também reunir em Sergipe elementos jurídicos, documentais e históricos que embasem sua legalização e proteção na Bahia.

“Essa prática não começou agora. Estamos falando de uma festa ancestral, profundamente ligada às comunidades quilombolas, à nossa história e identidade. Viemos buscar elementos jurídicos, documentais e históricos para levar à Bahia. Espada não é arma, não é crime. Espadeiro não é bandido — e vamos legalizar.”

Durante as discussões, as autoridades reforçaram a importância de seguir as regras definidas pelos órgãos municipais e associações, como dias, horários e locais autorizados para a soltura dos artefatos. O objetivo é garantir segurança e manter viva a tradição de forma organizada e respeitosa.

“A legalização e regulamentação não são obstáculos, mas ferramentas de proteção para essa cultura tão rica. Precisamos garantir que as novas gerações possam continuar celebrando com responsabilidade”, afirmou o secretário de Cultura de Estância, Paulo Ricardo.

O protagonismo feminino desempenha papel central na produção e preservação dessa tradição. São elas que moldam, cuidam e preparam os espaços com sabedoria passada de geração em geração. “A mulher que molda a espada é aquela que foi lapidada pelo fogo. Ela não apenas acende o pavio, mas cuida do ritual e mantém viva a festa ancestral”, destacou o presidente da associação dos moradores quilombolas Wellington Quilombola

Para além do aspecto cultural, a prática movimenta a economia local, beneficiando fabricantes, comerciantes, ambulantes, músicos e produtores culturais.

Pesquisadores da Bahia, Sergipe e Alagoas também têm se debruçado sobre o tema, destacando a importância da espada e do barco de fogo como patrimônios imateriais vivos.

12 de julho de 2025, 19:00

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