Rui Costa critica relatório e intromissões dos EUA sobre o Brasil: “Potência preocupada com 25 de Março”

Da Redação
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, criticou nesta quarta-feira (16) o relatório do governo dos Estados Unidos que cita a rua 25 de Março, em São Paulo, como um dos focos de pirataria no Brasil, e que inclui o Pix entre as supostas práticas comerciais desleais adotadas pelo país.
“Não dá para imaginar que uma das maiores potências do mundo esteja preocupada com a 25 de Março e coloque isso num documento internacional”, ironizou Rui durante evento no Palácio do Planalto. Para o ministro, o Brasil está sendo alvo de uma “intromissão absolutamente indevida”.
O relatório foi elaborado pelo Escritório do Representante do Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) e servirá como base para futuras medidas do governo norte-americano, como o aumento de tarifas de importação sobre produtos brasileiros – promessa feita pelo presidente Donald Trump no início do mês.
No texto, o USTR afirma que “a falsificação continua generalizada no Brasil” e que o país não tem adotado medidas efetivas para coibir a pirataria. A 25 de Março é citada como um dos maiores centros de comércio ilegal do mundo, onde “ações de fiscalização não resultam em penalidades com efeito dissuasivo”.
Outro ponto de atrito é o Pix. O relatório menciona que o sistema brasileiro de pagamentos eletrônicos, desenvolvido e operado pelo Banco Central, configuraria “prática desleal” por ser promovido pelo governo de maneira que poderia afetar empresas estrangeiras do setor financeiro.
Rui rebateu. “Estão preocupados com o meio de pagamento que a população, as empresas e o sistema financeiro abraçaram. O Pix é um sucesso brasileiro e motivo de orgulho nacional”, declarou.
Resposta em construção
Diante da ameaça de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o governo Lula avalia formas de reação. Segundo fontes do Planalto e do Itamaraty, o foco inicial será o diálogo diplomático, mas há planos de contingência em análise.
A Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil retaliar países que imponham barreiras comerciais injustificadas, é uma das possibilidades em estudo. No entanto, empresários têm se posicionado contra a medida, temendo perdas comerciais e insegurança jurídica.
A aplicação da lei, segundo interlocutores do governo, está prevista apenas como último recurso.