sexta-feira, 18 de julho de 2025

Líderes de facção ligada a facção criminosa são presos em Minas Gerais por crimes cometidos na Bahia

Foto: Divulgação

Da Redação

Dois líderes do Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), facção criminosa com ligação direta ao Comando Vermelho (CV), foram presos na manhã desta quinta-feira (17), durante operação policial na região de Contagem, em Minas Gerais. De acordo com o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), os dois são responsáveis por ordenar ataques contra agentes públicos, inclusive o atentado contra o diretor do Presídio de Eunápolis, que deixou o motorista baleado, além de coordenar homicídios e comandar o tráfico de drogas no Extremo Sul baiano.

A ação, batizada de Operação Conexão, foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco Sul), do MP-BA. Durante o cumprimento dos mandados, também foram presos em flagrante a esposa de um dos investigados e um cúmplice. Ambos foram identificados apenas pelas iniciais C.M.C.A. e C.L.B.R.

As investigações apontam que um dos presos era o responsável pela logística de distribuição de drogas da facção, enquanto o outro liderava diretamente as atividades do grupo nos bairros Gusmão e no centro de Eunápolis. Este último também é acusado de envolvimento em um homicídio qualificado ocorrido em 2019, que resultou na morte de uma criança como vítima colateral.

Durante a operação, foram apreendidas duas submetralhadoras, mais de 100 munições, celulares, dispositivos eletrônicos e outros materiais relacionados ao tráfico. Ao todo, cerca de 50 agentes participaram da ação, envolvendo forças da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Polícia Federal, Polícia Militar e Civil da Bahia, além da Polícia Militar de Minas Gerais.

As investigações começaram em 30 de maio de 2025, quando, em Eunápolis, as autoridades apreenderam mais de 1 kg de maconha, 528g de haxixe, balanças de precisão, cadernos com anotações do tráfico, comprovantes bancários, máquinas de cartão, pinos de eppendorf, rádios comunicadores e um HD com imagens de segurança.

Um dos episódios mais emblemáticos da atuação da facção foi a fuga em massa do Conjunto Penal de Eunápolis, em 12 de dezembro de 2024, quando Ednaldo Pereira Souza, o Dadá — principal liderança do PCE — e mais 15 detentos escaparam da unidade. Segundo o MP-BA, a fuga contou com o apoio direto da então diretora do presídio, Joneuma Silva Neres, de 33 anos, que mantinha um relacionamento amoroso com Dadá.

De acordo com a investigação, Joneuma teria recebido R$ 1,5 milhão para facilitar a fuga. Há também indícios de que ela concedia regalias aos integrantes da facção e estava envolvida em um esquema de compra de votos que ligava o líder do PCE ao ex-deputado federal Uldurico Jr., apontado como seu padrinho político. Após o escândalo, Joneuma foi presa e teria planos de fugir para o Rio de Janeiro, reduto de atuação do Comando Vermelho.

A ação desta quinta-feira representa mais um desdobramento das investigações em torno da atuação do PCE e seus vínculos com o crime organizado de alcance nacional.

18 de julho de 2025, 08:30

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