Esquema de desvio de armas na Bahia envolve policiais e resulta em mortes e tortura
Da redação
Uma investigação da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público da Bahia revelou um esquema de desvio de armas que envolveu policiais civis e militares, resultando na tortura e morte de duas pessoas em julho de 2024. A ação, inicialmente divulgada como uma das maiores apreensões do ano, ocorreu em Lauro de Freitas e teria encontrado seis fuzis, uma submetralhadora e mais de mil munições. No entanto, a apuração aponta que havia cerca de 20 armas no local, incluindo pistolas, e que parte do armamento foi desviada.
O caso tem como figura central o delegado Nilton Tormes, exonerado do cargo de coordenador do Depom em março de 2025. Segundo a denúncia, o capitão da PM Roque de Jesus Dórea obteve informações sobre um esconderijo de armas e drogas após a morte de um suspeito ligado a uma facção criminosa. Ele acionou o cabo Tibério Alencar, que, por sua vez, contatou Tormes. Policiais civis e militares participaram da ação sem registro oficial completo da apreensão, o que teria facilitado o desvio.
Durante a operação, dois homens – Joseval Santos Souza, suposto informante do capitão Dórea, e seu enteado Jeferson Sacramento Santos – foram levados ao local do esconderijo. Testemunhos indicam que Joseval foi executado após ordem velada de Tormes. As famílias das vítimas receberam mensagens de sequestro, com exigência de R$ 30 mil para libertá-los. Dias depois, os corpos foram encontrados em Salvador e Abrantes, com sinais de tortura e múltiplos tiros.
O delegado Adailton Adam, da Delegacia Antissequestro, conectou os homicídios à ação policial. Uma pista-chave foi o uso do cartão de crédito de Jeferson pelo soldado Ernesto Nery, que confessou a execução e o desvio de uma das armas do esconderijo. Nery, Dórea e o ex-PM Jorge Adisson foram presos em agosto de 2024, com drogas, armas e dinheiro. Um documento escrito por Dórea, que citava o desvio de pelo menos 10 pistolas por policiais da Core, desapareceu.
Os acusados negam ou evitam comentar as acusações. Defesas afirmam que só se pronunciarão nos autos. Alguns envolvidos contestam as versões apresentadas, alegando desconhecimento sobre informantes e desvios. A Corregedoria da Polícia Civil segue apurando o caso, que ainda não esclareceu a quantidade exata de armas retiradas do esconderijo, enquanto parte dos policiais da operação chegou a receber gratificação pelo armamento oficialmente apresentado. Com informações do G1.








