sábado, 20 de setembro de 2025

Robert Redford: De estrela de Hollywood a artífice do cinema independente

Foto: Reprodução | Robert Redford no filme 'Todos os Homens do Presidente'

Carlos Baumgarten

A morte de Robert Redford, aos 89 anos, marca o fim de uma era em Hollywood, mas também reafirma um legado que vai muito além das telas. Redford não foi apenas ator, diretor ou produtor: ele foi uma consciência viva do cinema, alguém que entendeu a arte como veículo de transformação social e cultural.

Nos anos 1960 e 70, quando o cinema americano vivia uma transição entre os grandes estúdios e a chamada Nova Hollywood, Redford encarnou um novo tipo de estrela. Em filmes como ‘Butch Cassidy’ (1969), ‘Golpe de Mestre’ (1973) e ‘Todos os Homens do Presidente’ (1976), ele não apenas brilhava como ator, mas também ajudava a moldar um perfil de protagonista que equilibrava charme, inteligência e engajamento. Redford não interpretava apenas personagens: ele oferecia ao público um espelho de valores e dilemas de sua época.

Atrás das câmeras, foi igualmente ousado. Seu Oscar de Melhor Diretor por ‘Gente como a Gente’ (1980) não foi um mero acaso. Foi um reconhecimento à sensibilidade com que lidava com temas complexos, colocando emoção e humanidade em primeiro plano. E, em 2002, o Oscar honorário coroou o conjunto da obra, celebrando não só o talento, mas a inspiração que ele representava para outras gerações de artistas.

Mas talvez sua maior contribuição tenha sido fora da glória dos tapetes vermelhos. Ao criar o Instituto Sundance e o Festival de Sundance, Redford ofereceu ao cinema independente um palco global. Graças a ele, filmes e diretores que talvez nunca chegassem às salas ganharam voz. Sundance não era apenas um festival: era um manifesto de resistência contra a pasteurização da indústria, um espaço de liberdade criativa.

Redford também nos deixa o exemplo do ativista. A defesa do meio ambiente e de causas sociais nunca foi um discurso vazio: era uma prática, uma militância discreta, mas firme. Ele mostrou que é possível conciliar sucesso e compromisso, sem abrir mão de convicções.

Robert Redford morreu nesta terça-feira (16/09) enquanto dormia, mas sua obra segue viva. Cada filme, cada personagem, cada iniciativa que empreendeu e levou adiante é um despertar para um cinema que é muito mais que entretenimento. É uma despertar para um cinema que é reflexão, resistência e transformação.

16 de setembro de 2025, 12:26

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