segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Apenas 25 bairros de Salvador não registraram tiroteios em 2025, aponta levantamento do Fogo Cruzado

Foto: Reprodução

Da redação

Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado, em parceria com a Iniciativa Negra, mostra que a violência armada continua impactando a grande maioria dos bairros de Salvador. Entre 1º de janeiro e 17 de setembro deste ano, foram registrados 856 tiroteios na capital, sendo 391 durante ações e operações policiais. O dado revela que apenas 25 dos 171 bairros de Salvador não tiveram registros de tiroteios em 2025 A lista dos bairros mais impactados inclui Beirú/Tancredo Neves (29 tiroteios), Lobato (27), Mussurunga (25), Federação (24) e Fazenda Coutos (23).

Embora o número total represente uma redução em relação ao mesmo período de 2024 – quando foram contabilizados 992 tiroteios (411 em ações policiais) –, a situação ainda preocupa. A violência armada se mantém disseminada de forma crônica, sobretudo nos bairros periféricos e majoritariamente negros.

Segundo Dudu Ribeiro, fundador da Iniciativa Negra e integrante da Rede de Observatório da Segurança na Bahia, os números reforçam a necessidade de compreender que esses territórios não são violentos por natureza, mas “violentados pela presença das disputas em torno do mercado de drogas e armas, pela presença ostensiva da polícia e pela forma como o Estado define os tipos e volumes de investimento que chegam a essas comunidades”.

Ele destaca que a violência armada não se concentra sempre nos mesmos locais: “Ao longo dos meses, há uma mudança no topo da lista de bairros mais atingidos. Isso demonstra que a violência armada está espalhada cronicamente, sobretudo nos bairros mais negros e periféricos, cruzando com outras formas de violência institucional. É um padrão que evidencia como o Estado falha em oferecer dignidade e oportunidades a esses territórios”, avalia Ribeiro.

Comparativo e avaliação das políticas públicas
Embora haja uma leve queda no número de tiroteios em comparação com 2024, a redução não significa maior efetividade das políticas de segurança pública. Para a Iniciativa Negra, é urgente que o poder público fortaleça as ações de inteligência e a integração entre órgãos governamentais, além de investir em políticas de cidadania que ampliem oportunidades e garantam direitos.

“Segurança pública deve ser concebida sob a ótica da proteção dos territórios vulneráveis e da promoção dos direitos. O combate à violência precisa vir acompanhado do fortalecimento de políticas sociais, acolhimento de pessoas egressas do sistema prisional e de investigações que desarticulem organizações criminosas com inteligência, evitando o uso da violência letal”, afirma Ribeiro.

18 de setembro de 2025, 22:00

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