sábado, 8 de novembro de 2025

Exclusivo: Fernanda Fonseca conta as novidades da Feira de Jerez Brasil 2025, que vai acontecer em SP e no RJ em novembro

Foto: Divulgação

por José Falcón Lopes (colunavinhosbahia@gmail.com/@VinhosBahia)

Se palavras como solo albariza, véu de flor, crianza biológica, venencia e os vinhos fortificados espanhóis produzidos no Marco de Jerez mexem com o seu coração, você precisa ler essa entrevista exclusiva da empresária Fernanda Fonseca sobre a Feira de Jerez Brasil 2025.

Fernanda Fonseca conta que nesta terceira edição, a Feira de Jerez cresceu e além de acontecer na cidade de São Paulo, no dia 1º/11; ela estará pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro, no dia 09/11.

Ela explica que, mesmo sendo realizada em datas próximas da programação mundial da Semana do Jerez ou Sherry Week (que vai de 03 a 09/11), a Feira de Jerez Brasil é uma atividade independente e não faz parte da programação oficial mundial. Todos os seus eventos podem ser acompanhados pelo perfil do Instagram @Feira_de_Jerez_Brasil.

Nesta nova entrevista para a Coluna VinhosBahiaclique aqui para ler a primeira entrevista -, Fernanda Fonseca conta também as experiências mais marcantes da sua visita, em fevereiro deste ano, ao Marco de Jerez.

Ela destaca ainda a autorização concedida no mês de agosto pela União Europeia para que as bodegas do Marco de Jerez possam produzir também vinhos tranquilos com as uvas Palomino, Pedro Ximénez e Moscatel, as três variedades oficiais da Denominação de Origem (D.O.) Jerez y Manzanilla. Boa leitura.

Coluna VinhosBahia: A Feira de Jerez deste ano vai acontecer pela primeira vez em duas cidades: São Paulo e Rio de Janeiro. Você pode contar os detalhes deste crescimento da Feira?
Fernanda Fonseca:
No dia 1º de novembro vamos fazer a terceira edição da Feira do Jerez em São Paulo. Será na Galeria F28, no bairro de Pinheiros, e teremos a participação de sete bodegas: González Byass, Barbadillo, Hidalgo, Vadespino, Delgado Zuleta, Fernando de Castilla e Sánchez Romate.

No Rio de Janeiro, a Feira do Jerez vai acontecer no dia 09 de novembro, no Libô Comida e Vinho, em Botafogo, e teremos a participação de cinco bodegas: González Byass, Barbadillo, Hidalgo, Vadespino e Sánchez Romate.

Coluna VinhosBahia: Este ano também vão acontecer eventos em paralelo à programação oficial da Feira?
Fernanda Fonseca:
Em São Paulo, no dia 05 de novembro, vai acontecer o evento “Jerez e comidinhas asiáticas” com Jorge Lucki no restaurante Makoto, localizado no Shopping Cidade Jardim. O evento será exclusivo para 20 pessoas e com valor dos ingressos ainda por definir.

Também em São Paulo, mas no dia 06 de novembro, vamos ter “Tapas e Jerez” com Gabi Frizon, a Louca do Jerez, no Elevado Bar.

No dia 07 de novembro, vai acontecer um evento com Paulo Brammer (educador certificado pelo Consejo Regulador de Jerez) no Plou, considerado o melhor wine bar da cidade pela Folha de SP.

E no Rio, no dia 09 de novembro, vamos ter um Brunch com Maíra Freire no Libô.

Coluna VinhosBahia: Bernardo Pinto, embaixador do Marco de Jerez no Brasil, aposta muito na coquetelaria como porta de entrada para o aumento do consumo de Jerez no Brasil e no mundo. O que você pensa sobre isso?
Fernanda Fonseca:
Acho que a coquetelaria é superimportante, sim, e cada vez mais a gente vê coquetéis com produtos de Jerez. No ano passado, na feira que fizemos para profissionais na Enocultura – sommeliers, jornalistas, influenciadores e mixologistas – tivemos o Alê do Trinca Bar preparando coquetéis com diversos estilos de Jerez e falando sobre a versatilidade do Jerez na coquetelaria.

Coluna VinhosBahia: Nas suas redes sociais, você compartilhou sua primeira visita às vinícolas do Marco de Jerez. Como foi essa experiência de conhecer a origem dos vinhos fortificados mais famosos da Espanha?
Fernanda Fonseca:
Em fevereiro realizei um sonho que era não só conhecer a cidade de Jerez, mas ver como os vinhos de Jerez são feitos, entender a questão do “véu de flor” (a camada de leveduras que se forma naturalmente na superfície do vinho e protegendo-o do oxigênio), da crianza oxidativa (amadurecimento do vinho em contato com o oxigênio), da crianza biológica (amadurecimento do vinho sem contato com o oxigênio e protegido pelo “véu de flor”), o solo de albariza, etc.

Visitei a González Byass, a Tio Pepe, que é a primeira bodega de Jerez. Fiz uma visita à cave com a Silvia Flores, uma das enólogas da González Byass. Consegui até ver a levedura por um buraquinho da barrica. Além de ser lindo, eles têm um hotel do Tio Pepe muito legal, onde eu fiquei hospedada, com uma vista linda para a Catedral de Jerez. Participei de degustações com vinhos que eu nunca tinha bebido aqui no Brasil, Jerezes “en rama” (vinhos de Jerez engarrafados diretamente do barril, sem filtração, clarificação ou estabilização), vinhos mais antigos e foi possível entender bem melhor a produção. Nada como a gente ir até o lugar para conhecer ao vivo como é feita a produção e estabelecer um vínculo com a González Byass que, além da Tio Pepe, faz outras coisas bem legais também.

Coluna VinhosBahia: Na sua primeira entrevista para a Coluna VinhosBahia, você antecipou que o Conselho Regulador do Marco de Jerez iria precisar rever sua legislação para poder aceitar a fabricação de vinhos tranquilos (vinhos com processo de fermentação natural, sem gás carbônico e sem adição de álcool e açúcar) com características de Jerez. Essa legislação já mudou? E qual sua opinião sobre essa mudança: ela é positiva ou cria uma polêmica sobre os vinhos de Jerez?
Fernanda Fonseca:
Sim. Quem deu a notícia dessa decisão da União Europeia foi Willy Pérez, que é um produtor lá da região. Ele disse que aguardou por vários anos essa decisão. Então temos hoje alguns vinhos do Conselho do Marco de Jerez que devem ser feitos com suas uvas específicas, mas não precisam mais ser vinhos fortificados. Embora a questão da graduação alcoólica não tenha ainda sido explicada.

Isso é muito legal porque a Espanha já vinha produzindo vinhos tranquilos, que eles chamam “vinos de pasto” em todo o Triângulo do Marco de Jerez. Sempre vou visitar uma feira de vinhos no Porto que se chama “Simplesmente Vinhos”, que é uma pegada mais alternativa de vinhos ibéricos com baixa intervenção, vinhos biológicos, etc. Eles sempre dedicam um espaço para uma região e, este ano, esse espaço foi dedicado aos vinhos tranquilos de Jerez. Então eu sou superfavorável e acho que Jerez está recuperando a sua imagem no mundo. É um vinho maravilhoso, que eu amo e poderia ter uma garrafa aberta sempre. Tem essa questão de que as pessoas estão procurando vinhos menos alcoólicos e os “vinos de pasto” não perdem a excelência dos vinhos do Marco de Jerez, só que sem serem fortificados, portanto, com um teor alcoólico mais baixo.

Coluna VinhosBahia: Tem mais alguma informação que você acha importante destacar para os leitores da Coluna VinhosBahia?
Fernanda Fonseca:
Gostaria de destacar que Jerez é um mundo imenso de possibilidades, de informações, de variedades e que as pessoas deveriam começar a tomar Jerez mesmo como ingrediente ou na coquetelaria com o Jerez fortificado e agora com os “vinos de Jerez” que são vinhos tranquilos.

07 de outubro de 2025, 07:00

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