segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Após anos de proibição, regulamentação da Guerra de Espadas é discutida em Senhor do Bonfim

Foto: Divulgação

Da Redação

A cidade de Senhor do Bonfim, no norte da Bahia, voltou a discutir a possibilidade de regulamentar a fabricação e a realização da Guerra de Espadas, manifestação tradicional proibida desde 2017 por decisão judicial que classificou a prática como criminosa devido aos riscos de queimaduras, mutilações e mortes. Desde então, fabricar, possuir ou soltar espadas pode render até seis anos de prisão.

O debate ocorreu durante o Encontro de Saberes sobre a Guerra de Espadas, realizado no município com organização da Associação Cultural dos Espadeiros (ACESB) e apoio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio de recursos do Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB).

O evento reuniu técnicos, juristas e representantes do setor cultural para discutir os aspectos culturais, técnicos, econômicos e jurídicos da manifestação, tratada pelos organizadores como um patrimônio identitário bonfinense.

O presidente da ACESB, Alex Barbosa, destacou o potencial econômico da atividade e citou Santo Antônio do Monte (MG) como referência nacional em pirotecnia. Já o técnico do SENAI/MG, Rodrigo Magela, defendeu que a regulamentação é viável desde que haja controle de segurança e capacitação profissional.

O promotor Felipe Pazzola, do Ministério Público da Bahia (MP-BA), sugeriu a criação de uma norma federal específica que retire as espadas do enquadramento genérico de explosivos. Em 2018, o MP-BA havia recomendado que o município não promovesse nem apoiasse o evento, reforçando os riscos à integridade física e à vida.

Durante o encontro, o SENAI/MG realizou uma consultoria técnica e iniciou estudos para implantação de uma fábrica de espadas no município. Também foi anunciada a criação da primeira cooperativa de produtores do país, vista como passo inicial para a formalização e regulamentação da atividade.

Riscos e apreensões

A Guerra de Espadas envolve artefatos explosivos artesanais feitos com pólvora, que podem causar ferimentos graves, queimaduras de diferentes graus, traumas faciais e amputações. A prática também provoca danos materiais em residências e espaços públicos.

Em 2025, a Polícia Civil da Bahia apreendeu 1.250 espadas prontas para venda e mais de uma tonelada de pólvora e insumos utilizados na fabricação ilegal. As operações, realizadas em três cidades do Recôncavo, resultaram na identificação de 122,4 mil unidades de fogos de artifício, a maioria encontrada em uma casa no bairro Maria Preta, em Santo Antônio de Jesus.

14 de outubro de 2025, 15:20

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