Oi admite incapacidade de pagar dívidas e pede avaliação de insolvência à Justiça
Da Redação
A Oi comunicou nesta sexta-feira (7) que está em situação de possível insolvência, segundo documento enviado à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A operadora, que já foi uma das maiores empresas de telecomunicações do país, enfrenta sua segunda recuperação judicial em menos de dez anos e agora reconhece que não tem condições de quitar suas dívidas nem gerar caixa suficiente para continuar operando.
O pedido foi apresentado pelo administrador judicial Bruno Rezende, que também assinou o fato relevante divulgado ao mercado. Segundo ele, a companhia descumpriu o plano de recuperação judicial e não consegue arcar com o passivo extraconcursal — as dívidas contraídas após o início do processo.
A solicitação foi feita após decisão da juíza Simone Gastesi Chevrand, que em setembro antecipou parcialmente os efeitos da falência da empresa, afastando toda a diretoria executiva. Rezende e a administradora Tatiana Binato assumiram o comando provisório da operadora.
No novo pedido, os gestores pedem que, caso a Justiça determine a liquidação judicial, a empresa possa manter as operações de forma temporária, para garantir a continuidade dos serviços até a transição completa. O argumento se apoia na Lei de Falências e Recuperação Judicial, que prevê a possibilidade de funcionamento provisório em casos de liquidação.
A medida marca mais um capítulo na crise da antiga “supertele” brasileira, que já rivalizou com Vivo, Claro e TIM. Hoje, a Oi acumula dívidas de cerca de R$ 44 bilhões e vê seu espaço no mercado cada vez mais reduzido.
A Justiça já havia identificado “fortíssimos indícios de esvaziamento patrimonial”, bloqueando as ações da Nio (antiga Oi Fibra, atualmente parte da V.tal) e investigando contratos milionários suspeitos — entre eles, a contratação de advogados no exterior por US$ 100 milhões para uma tentativa frustrada de reestruturação judicial nos Estados Unidos.
Desde a primeira recuperação, em 2016, a Oi vendeu ativos e fragmentou suas operações: A unidade de fibra óptica virou a V.tal, hoje controlada pelo BTG Pactual; a Oi Fibra passou a se chamar Nio; e a operação de TV por assinatura foi vendida à Mileto Tecnologia.
Atualmente, a empresa mantém apenas a Oi Soluções, voltada a serviços corporativos e governamentais, como nuvem, cibersegurança e internet das coisas.
Mesmo com as reestruturações, a operadora não conseguiu recuperar sua saúde financeira. Desde 2024, a Oi deixou de atuar como concessionária de telefonia fixa, operando apenas em regiões onde é a única prestadora privada, sob contrato vigente até 2028.








