Grande política e pequeno mundo – por Gustavo Falcón

O Governo Temer, embora saibamos o seu amargo substrato, está se mostrando mais eficiente e resolutivo que o da Dilma. Não se pode exigir do PMDB uma revolução socialista. Esta, nem o PT colocou na sua agenda. Mas que o caldo patriótico de retomada do crescimento e de recuperação da normalidade institucional tem se mostrado superior ao engodo ideológico petista não restam dúvidas.

Nesse sentido específico, o vice já assegura posição mais respeitável que a titular provisória do cargo. O terrível é que o Eduardo Cunha cumpra sua ameaça de detonar o novo mandatário. Deus livre o Brasil desse segundo vexame em poucos meses de sua recente batalha pela procura de uma saída plausível para a crise.

Na Bahia, o noticiário político foi ocupado pelo bombástico depoimento do publicitário João Santana que – frases feitas à parte – acabou atingindo a Dilma com uma bala de ouro bem no coração. Depois da delação dele e de sua mulher, impossível evitar o impeachment.

Em Cachoeira, o povo vive a vida de seu pequeno mundo e após a recuperação da rodovia de Capoeiruçú, de apenas 2 km, atendendo à demanda adventista do distrito, o povo de Belém exige o mesmo para a rodovia que liga Cachoeira a Conceição de Feira, muito maior, mais importante e em estado terminal.

Para não ficar conhecido como amigo apenas dos evangélicos, o governador deve ao povo de santo, agricultores e, sobretudo, aos católicos da Comunidade de Belém a mesma obrigação.

Em meio à ameaça de Cunha, às delações que derrubam poderosos e ao leve frescor de Temer, o povão em Cachoeira só fala na rodovia que liga o município à Conceição.

Gustavo Falcón é jornalista, escritor, doutor em História Social pela UFBA e consultor de Programas de Governo. Ele escreve sobre Política às segundas-feiras no Toda Bahia. E-mail: gustavo.falcon@todabahia.com.br