sábado, 27 de abril de 2024

A lenda se foi – por Ronaldo da Guia

Foto: Reprodução

Ronaldo da Guia

Mário Jorge Lobo Zagallo foi revolucionário dentro e fora de campo, como o primeiro ponta esquerda que ajudava o meio de campo e como técnico ao armar a seleção de 70. O Brasil tinha quatro camisas 10, todos à época centroavantes: Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivellino. Ele colocou os quatro para jogar.

Na defesa, colocou Piazza, que era um volante clássico ao lado de Brito, um zagueiro seguro e voluntarioso. Barrou o habilidoso Marco Antônio, craque do Fluminense, para colocar Everaldo, do Grêmio na lateral esquerda. Everaldo (o primeiro tricampeão que nos deixou num acidente de carro) era proibido de passar do meio de campo.

Já pela direita, o craque Carlos Alberto saía jogando com liberdade, geralmente após receber a bola do goleiro Félix, e armava o Brasil que tinha no meio o jovem Clodoaldo e o cerebral Gérson.

Sem dúvida alguma a melhor Seleção Brasileira de todos os tempos. Essa foi a Seleção que reinventou o futebol, coroada com a maior atuação individual de um craque até hoje insuperável: Pelé, rodeado de craques e com um reserva de luxo; Paulo César Caju, esse também era o caso de Marco Antônio.

Infelizmente, em 74, na Alemanha Ocidental, Pelé aos 33 anos, não quis ir e o Velho Lobo menosprezou a Holanda do genial Johan Cruijff . Mesmo assim, antes de sucumbir por 2 a 0, o Brasil perdeu dois gols na cara do goleiro holandês com Jairzinho e Paulo César Caju.

Depois o Brasil perderia o terceiro lugar para a Polônia de Lato, com o craque Ademir da Guia em campo pela primeira e única vez. Zagallo seria campeão como coordenador em 1994 com Parreira como técnico. E em 1998 ficou com o vice, contra a França, quando o extra-campo de Ronaldo, com o seu problema de saúde (convulsões aterrorizantes ) nos derrotou. Ronaldo voava e provavelmente trituraria a defesa francesa, com o auxílio luxuoso de Rivaldo. Zagallo ainda ganharia anteriormente, em 1997, uma Copa América na Bolívia com Ronaldo e Romário no ataque. Proferiu a famosa frases para alguns críticos da imprensa. “Vocês vão ter de me engolir”.

Zagallo morreu aos 92 anos coberto de glórias. O único tetracampeão mundial da história do futebol. Duas vezes, como jogador (58,62) ao lado de Pelé e Garrincha. 70 como técnico e 94, como coordenador técnico, dessa vez ajudando Parreira, que fora preparador físico da Seleção de 70. A lenda se foi.

06 de janeiro de 2024, 06:08

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