sábado, 2 de agosto de 2025

Bahia exporta mais de US$ 45 milhões em derivados de cacau para os EUA, mas tarifa de 50% imposta pelos EUA ameaça setor

Foto: Manu Dias/GOVBA

Da Redação

No primeiro semestre de 2025, a Bahia exportou mais de US$ 45 milhões em manteiga, gordura e óleo de cacau para os Estados Unidos, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) divulgados ao g1. No entanto, o “tarifaço” imposto pelo governo americano, que entra em vigor em 6 de agosto, deverá impactar negativamente esse e outros setores do estado.

A Casa Branca oficializou na quarta-feira (30) a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. Embora diversos itens tenham sido poupados, derivados de cacau, pneus e café permanecem na lista de produtos taxados, conforme informações do g1.

O cacau baiano, produzido principalmente no sul do estado, em cidades como Ilhéus e Wenceslau Guimarães, não é exportado em sua forma natural, mas sim por meio de derivados como licor, cacau em pó, manteiga e pasta de cacau. Além da indústria alimentícia, esses insumos abastecem os setores farmacêutico e de higiene pessoal.

Segundo o g1, três grandes indústrias brasileiras com atuação no sul da Bahia — Cargill, Joanes e Barry Callebau — são responsáveis por essas exportações. O g1 buscou contato com as empresas para avaliar o impacto da tarifa, mas ainda aguarda respostas.

A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) declarou ao g1 que a medida compromete diretamente a competitividade das exportações brasileiras de derivados de cacau e defende ações diplomáticas e comerciais urgentes. Porém, não detalhou as possíveis perdas financeiras.

No ranking das exportações da Bahia para os Estados Unidos, os derivados do cacau aparecem entre os principais produtos. Conforme dados da Fieb, compartilhados pelo g1, o estado destinou 8,3% do total de suas exportações ao mercado americano no primeiro semestre de 2025, ficando atrás apenas da China (23,6%) e do Canadá (9,4%). Nacionalmente, a Bahia ocupou o 11º lugar entre os maiores exportadores para os EUA, com um total de US$ 440 milhões.

Os derivados do cacau figuram em 2º e 9º lugar entre os produtos baianos mais exportados aos EUA, com participação superior a 10% no volume total exportado no semestre.

Para Carlos Henrique Passos, presidente da Fieb, o “tarifaço” representa uma ameaça ao setor industrial baiano. “Isso não é exatamente uma tarifa, é um embargo comercial, porque dificilmente será viável continuar vendendo para o mercado americano, e nosso comprador não conseguirá incorporar esse custo. Precisamos buscar outras soluções”, afirmou ao g1.

Passos destacou que 67% dos produtos industriais do estado serão afetados pela nova taxa de 50%. O melhor caminho, segundo ele, é manter negociações com os Estados Unidos para minimizar os danos econômicos. Na quinta-feira (31), o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que as negociações permanecem em andamento.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, em entrevista à TV Bahia, informou que tem buscado articulação com outros governadores do Nordeste e com o governo federal para encontrar alternativas para os produtos taxados. O Consórcio Nordeste realizará reuniões em Brasília nos dias 5 e 6 de agosto. “Os empresários que exportam se preparam para isso, contratam mão de obra, tomam dinheiro emprestado e agora recebem essa notícia. Vai gerar prejuízo para os empresários e para a classe trabalhadora, porque haverá demissões”, afirmou.

Além do cacau, a produção de mangas da região do Vale do São Francisco, no norte da Bahia, também poderá sofrer com o “tarifaço”. Apesar de o suco e a polpa de laranja terem sido isentos da tarifa de 50%, outras frutas, como a manga, permanecem na lista de produtos taxados.

A Associação de Exportadores de Produtos Hortigranjeiros do Vale do São Francisco estima que as tarifas podem reduzir em até 70% as exportações de mangas da região, o que representa um prejuízo estimado em cerca de US$ 30 milhões, conforme divulgado pelo g1.

Anualmente, a região produz cerca de 1,25 milhão de toneladas de mangas, das quais 253 mil toneladas são destinadas à exportação, gerando US$ 348 milhões. Destes, 53 mil toneladas têm os Estados Unidos como destino principal.

01 de agosto de 2025, 10:00

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