sábado, 27 de setembro de 2025

Celso Sabino pede demissão a Lula após pressão do União Brasil

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Da Redação

O ministro do Turismo, Celso Sabino, entregou nesta sexta-feira (26) uma carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em meio ao ultimato dado pela cúpula do União Brasil para que deixasse o governo. Apesar do gesto, ele ainda busca negociar uma forma de permanecer na pasta pelo menos até novembro, quando ocorre a COP30 em Belém (PA).

Sabino se reuniu com Lula no Palácio do Planalto e defendeu à direção do partido a possibilidade de se licenciar da legenda, mantendo-se no ministério até o encerramento da conferência climática da ONU. Com base eleitoral no Pará, o ministro tem atuação direta na preparação do evento e vê nele uma vitrine para sua candidatura ao Senado em 2026.

A decisão do União Brasil foi tomada na semana passada, após a executiva nacional aprovar por unanimidade a saída imediata de seus filiados da gestão federal, antecipando o prazo que originalmente estava previsto para o dia 30. O movimento veio em meio ao desgaste do presidente da legenda, Antonio Rueda, alvo de acusações publicadas pelo ICL e pelo UOL de que seria dono de aeronaves usadas pelo PCC, o que ele nega.

No partido, dirigentes avaliavam que Sabino tinha até esta sexta para se afastar. O próprio ministro já havia sinalizado que não romperia com a sigla, da qual é presidente do diretório nacional. Ele tenta emplacar sua secretária-executiva, Ana Clara Machado Lopes, como sucessora na pasta.

A relação entre Rueda e o Palácio do Planalto vinha se deteriorando desde o início da gestão. O dirigente se queixava de nunca ter sido recebido por Lula, e a primeira reunião entre os dois, em julho, foi descrita por aliados como “péssima”. Pouco depois, o presidente da República chegou a criticar nominalmente o líder partidário em encontro ministerial, cobrando lealdade de ministros do centrão.

O embate provocou movimentações de aliados para reduzir a tensão. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o dirigente petista Edinho Silva estão entre os que atuam para aproximar o Planalto e o União. Há expectativa de um encontro entre Lula e Rueda, embora ainda sem data confirmada.

Mesmo com a saída de Sabino, integrantes da legenda afirmam que não há interesse em uma ruptura total com o governo. Parte do União Brasil mantém cargos estratégicos na administração federal e não pretende abrir mão dessas posições.

Além do ministro do Turismo, a federação formada por União e PP tem outro nome na Esplanada: André Fufuca (Esportes). Pressionado a deixar o cargo na próxima terça-feira (30), ele negocia com a direção do PP para permanecer até o fim do ano, com a possibilidade de se licenciar do partido.

No Planalto, a avaliação é que a sustentação da aliança com o União não passa mais pela cúpula do partido, mas sim pela articulação de Alcolumbre. Caso a saída de Sabino e, eventualmente, de Fufuca se confirme, Lula deve redistribuir os espaços entre siglas da base aliada, como PSD, PDT, PSB e Republicanos.

26 de setembro de 2025, 14:40

Compartilhe: