CGU aponta descarte de R$ 2 bilhões em vacinas e insumos da Covid-19 pelo Ministério da Saúde
Da Redação
Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que o Ministério da Saúde descartou aproximadamente R$ 2 bilhões em vacinas, medicamentos e insumos utilizados no enfrentamento à Covid-19 entre 2021 e 2023. O levantamento indica que R$ 1,6 bilhão correspondem a vacinas vencidas, enquanto R$ 317,3 milhões referem-se a anestésicos, medicamentos e materiais de intubação, e R$ 179,9 milhões a itens de proteção individual, como máscaras, luvas e roupas hospitalares.
No relatório, a CGU reconhece que parte das perdas decorre do contexto excepcional da pandemia.
“É fundamental reconhecer que o contexto de imprevisibilidade, alta incerteza e a rápida evolução da situação pandêmica gerou perdas de insumos que escaparam a um planejamento prévio”, apontou o órgão.
Ainda assim, o órgão de controle enfatizou a necessidade de melhorar a gestão de estoques e prazos de validade em futuras emergências de saúde pública, a fim de reduzir o desperdício e otimizar o uso dos recursos públicos.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que “perdas são esperadas nos programas de imunização”, tanto por razões físicas (como transporte e armazenamento) quanto técnicas (como frascos abertos não aproveitados). A pasta destacou que o período analisado corresponde a um contexto global de crise sanitária.
“A perda de vacinas contra a Covid-19 foi um problema mundial, afetando países de alta e baixa renda. Todo o cenário deve ser analisado considerando as condições socioeconômicas e os riscos de saúde pública daquele período”, declarou o ministério.
Somando também insumos de outras campanhas de saúde, as perdas totais entre 2021 e 2023 chegaram a R$ 2,3 bilhões. A CGU identificou ainda uma “perda potencial” de R$ 4,4 bilhões, referente a materiais distribuídos com prazo de validade muito curto — entre 1 e 90 dias.
O Ministério da Saúde contestou a expressão “perda potencial”, sugerindo que o termo fosse substituído por “risco de prejuízo” ou “risco potencial”, por não se tratar de perdas efetivas. A CGU manteve o uso da expressão, argumentando que ela “permite avaliar de forma mais ampla as vulnerabilidades na cadeia logística” e que parte desses materiais, de fato, se deteriorou antes do uso.
O relatório destaca, por fim, que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) vem adotando ações corretivas desde então, como a revisão de cotas mensais de envio de vacinas, capacitação de profissionais, melhoria da rede de frio e aperfeiçoamento dos sistemas de informação para o controle de estoques e prazos de validade.








