Erro de grafia leva homem inocente à prisão por mais de uma semana na Bahia

Da Redação
Um erro no nome do acusado levou à prisão de um homem inocente que ficou detido por mais de uma semana em um presídio da Bahia. Ele relata ter sofrido ofensas, maus-tratos e condições degradantes até que a situação fosse corrigida. A prisão ocorreu diante da esposa, que passou mal ao ouvir a acusação.
O caso diz respeito a uma investigação de estupro de vulnerável. A denúncia, feita pela mãe da vítima e ex-companheira do verdadeiro suspeito, aponta que Jabison – o real acusado – teria estuprado a enteada entre 2008 e 2015, no interior do estado. No entanto, um erro de grafia no registro inicial do inquérito levou à emissão de um mandado de prisão preventiva contra outra pessoa, de nome semelhante: Jabson.
O erro só foi identificado após o homem ser preso e encaminhado ao presídio. Em entrevista ao portal g1, Jabson contou sobre os momentos de terror que viveu: “É até difícil relatar como foi. A cela em que me colocaram tinha um rapaz que já tinha puxado 20 anos de cadeia. Foi horrível. A comida é pouca, e o lugar é feito para ninguém gostar daquilo. É desumano”, desabafou.
Segundo ele, o tratamento recebido foi hostil desde o primeiro momento: “Quando cheguei, rasparam minha cabeça. Me fizeram colocar a mão numa grade e um policial penal gritou: ‘Recolhe a mão, seu arrombado’. É enlouquecedor. Eu falava que era inocente, mas diziam que todos falam isso”.
Em nota, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) informou que a soltura foi determinada após o Ministério Público do Estado (MP-BA) e a Polícia Civil reconhecerem o erro no inquérito e na denúncia.
O MP-BA afirmou, em parecer apresentado à Justiça em 11 de julho, que “após detida análise dos autos e da petição apresentada pela defesa, constatou-se a existência de indícios de possível equívoco na qualificação do custodiado, apontando possível homonímia entre ele e o real autor dos fatos”.
O caso levanta discussões sobre falhas graves no sistema de Justiça e os impactos devastadores de prisões indevidas.