sábado, 8 de novembro de 2025

Estudantes do interior da Bahia criam biofilme sustentável para conservar alimentos e reduzir uso de plástico

Foto: Andrea Bonfim

Da Redação

A deterioração precoce dos alimentos é um desafio para muitas famílias. Pensando em aumentar a durabilidade de frutas e legumes e, ao mesmo tempo, reduzir o descarte de plástico no meio ambiente, um grupo de sete estudantes do Colégio Estadual Professor Carlos Valadares, em Santa Bárbara, no interior da Bahia, desenvolveu um biofilme sustentável que atua como uma película protetora biodegradável. As informações são do G1.

O projeto, orientado pelas professoras Andrea Bonfim e Indira Tainá de Oliveira, do curso técnico em Agroindústria, é assinado pelos estudantes Welington Oliveira, Maria Eduarda, Alana Souza, Maria Gabriela, Maria Letícia, Elainy de Jesus e Sara Luane.

O biofilme criado pelos alunos é uma película fina, transparente e biodegradável, que busca substituir o plástico filme tradicional. A inovação utiliza matérias-primas locais e abundantes, como amido de milho, batata e mandioca, substâncias que possuem amilose e amilopectina, responsáveis pela formação de géis firmes e plastificantes.

Em entrevista ao G1, Welington Oliveira explicou que o uso desses ingredientes valoriza a economia local e traz benefícios ambientais. “Além de ser sustentável e não poluir o meio ambiente como o plástico comum, nosso produto valoriza recursos da região. Conseguimos reduzir resíduos poluentes, aumentar a vida útil dos alimentos e incentivar o uso de matérias-primas locais”, explicou o estudante.

Nos testes iniciais, o grupo analisou diferentes tipos de amido, avaliando opacidade, resistência e solubilidade do material. A próxima etapa será aplicar o biofilme em alimentos reais para identificar qual composição garante maior tempo de conservação e melhor aspecto visual.

Apesar do incentivo da escola à pesquisa científica, os estudantes enfrentam limitações estruturais. A professora Andrea Bonfim relatou que a estufa necessária para secar o biofilme, essencial para acelerar o processo de produção, demorou um ano para chegar após a solicitação. Sem o equipamento, os testes precisavam ser feitos em temperatura ambiente, com risco de contaminação por micro-organismos.

Mesmo com apoio da fábrica-escola e de parceiros locais, o grupo aponta que a falta de recursos financeiros e equipamentos adequados é o principal obstáculo para ampliar o alcance das pesquisas.

“Dependemos muito de equipamentos que são caros e precisam chegar com urgência. Só estamos aqui por três anos e queremos aproveitar esse tempo para desenvolver o máximo possível”, destacou Welington.

O Colégio Estadual Professor Carlos Valadares é reconhecido por estimular projetos científicos entre os alunos do ensino médio técnico. Segundo a professora Andrea Bonfim, o envolvimento dos estudantes ultrapassa a grade curricular.

“É muito gratificante ver o aluno dizer ‘pró, eu quero desenvolver’ ou trazer uma ideia nova. Isso mostra que ele enxerga um futuro na pesquisa e na ciência, e que o aprendizado vai muito além da sala de aula”, afirmou ao G1.

02 de novembro de 2025, 11:15

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