Ex-diretora de presídio de Eunápolis é acusada de ligação com facção criminosa e de manter relacionamento com interno

Da Redação
A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, Joneuma Silva Neres, de 33 anos, foi denunciada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por corrupção, envolvimento com facções criminosas e por manter um relacionamento amoroso com um dos internos da unidade prisional. A policial penal foi indiciada por facilitar a fuga de 16 detentos, ocorrida em dezembro de 2023.
As informações constam em um processo obtido com exclusividade pela TV Bahia e foram detalhadas no telejornal BATV desta quinta-feira (3). Segundo o MP, Joneuma teria concedido privilégios a presos ligados a facções, autorizando a entrada irregular de objetos como roupas, freezers, ventiladores e sanduicheiras. Um dos beneficiados seria Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá”, apontado como chefe de uma facção criminosa de Eunápolis, com ligações com o tráfico no Rio de Janeiro.
Relatos reunidos no inquérito indicam que Dadá, foragido desde a fuga em massa, teria mantido encontros frequentes e a sós com a ex-diretora em uma sala de videoconferências da unidade. Há também denúncias de que a esposa do detento ingressava no presídio sem passar por inspeção, com autorização direta de Joneuma.
Além dela, outras 17 pessoas foram denunciadas, entre elas Wellington Oliveira Sousa, ex-coordenador de segurança do presídio e homem de confiança da ex-diretora. Ele está preso e foi um dos principais responsáveis por relatar as irregularidades à Justiça.
Apesar de ser a primeira mulher a assumir a direção de um presídio no estado, a passagem de Joneuma pela gestão da unidade — que durou nove meses — terminou em um escândalo que expôs a fragilidade da segurança interna do sistema prisional baiano. Desde a fuga, apenas um dos 16 fugitivos foi localizado, em janeiro deste ano, mas morreu em confronto com a polícia civil.
Preso no Conjunto Penal de Itabuna, Joneuma permanece detida desde 24 de janeiro. Na época, estava grávida e deu à luz na prisão. A criança, nascida prematuramente, permanece com ela na cela.
Em entrevista à TV Bahia, a irmã e advogada de Joneuma, Jocelma Neres, negou todas as acusações. “Ela está sofrendo as consequências de um crime que não cometeu. Nunca teve nenhum relacionamento com esse interno”, afirmou. A defensora também expressou preocupação com o bem-estar do bebê: “O presídio não é lugar para uma criança recém-nascida.”
Já o advogado Artur Nunes, que também representa a ex-diretora, disse que os benefícios concedidos aos presos eram parte de uma estratégia de gestão. “Dentro de uma unidade prisional, muitas vezes é necessário negociar para manter a ordem e evitar conflitos”, explicou.
O caso segue em investigação.