sábado, 8 de novembro de 2025

Famílias deixam de resgatar até R$ 50 mil em benefícios após morte de parentes, aponta levantamento

Foto: Divulgação

Da Redação

Um levantamento da Planeje Bem, plataforma digital especializada em planejamento sucessório, aponta que famílias brasileiras deixam de resgatar, em média, valores entre R$ 10 mil e R$ 50 mil em benefícios que pertenciam a pessoas falecidas. A principal causa é o desconhecimento sobre os chamados “ativos invisíveis”, somado à burocracia e à falta de orientação financeira no momento da perda.

Segundo Carolina Aparício, diretora executiva da Planeje Bem, muitos imaginam que todos os bens devem passar pelo inventário, quando, na prática, diversos recursos podem ser acessados de forma direta, desde que se saiba onde procurar. “É comum que, no meio do luto, as famílias deixem de lado direitos simples de serem resgatados, o que resulta em prejuízos financeiros significativos”, afirmou.

Benefícios mais esquecidos

O levantamento mostra que os ativos mais negligenciados são:

DPVAT (indenização por morte ou acidente) – 40% dos casos;

Auxílios e benefícios trabalhistas (FGTS, PIS/Pasep, salários, férias, 13º) – 25% a 30%;

Contas bancárias, investimentos e consórcios – 25%;

Seguros de vida e acidentes pessoais – 20%;

Seguros corporativos e previdência privada (PGBL/VGBL) – 20%;

Pensão por morte do INSS – 10%.

Há ainda benefícios menos divulgados, como auxílios-funeral oferecidos por bancos e operadoras de cartão (entre R$ 2 mil e R$ 5 mil), milhas aéreas (até R$ 4 mil), além de valores em carteiras virtuais vinculadas a cartões de crédito.

Grande parte desses recursos pode ser acessada sem inventário, mas exige prazos legais e documentação específica. “O problema é que muitos herdeiros não têm essa informação e perdem o direito por inércia”, destacou Aparício.

Quem mais esquece

De acordo com a pesquisa, homens são maioria nos casos de esquecimento — entre 65% e 70%. A faixa etária mais afetada é a de 25 a 45 anos, sobretudo filhos, sobrinhos e netos que não estavam envolvidos diretamente na gestão financeira do falecido.

Por que o DPVAT lidera

O seguro obrigatório para vítimas de acidentes de trânsito, o DPVAT, é o benefício mais esquecido. Segundo Aparício, isso se deve ao caráter inesperado das mortes em acidentes, somado ao impacto emocional do luto. “A pessoa até sabe que tem direito, mas deixa para resolver depois. O tempo passa e o benefício acaba ficando pelo caminho”, explicou.

Inventário nem sempre é necessário

No caso de valores trabalhistas, se os herdeiros estiverem de acordo, o saque pode ser feito por meio de um simples alvará judicial, sem aguardar a conclusão do inventário. Já para contas bancárias, investimentos e consórcios, o Sistema de Valores a Receber (SVR), do Banco Central, tem ajudado a localizar recursos esquecidos.

Carolina lembra que, em muitos casos, até o próprio titular não atualiza informações ou esquece de comunicar aos familiares a existência de determinados benefícios. “Não é raro encontrarmos beneficiários desatualizados, como quando o falecido já estava em outro casamento, mas o seguro de vida ainda apontava a primeira esposa”, exemplificou.

16 de agosto de 2025, 14:12

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