sábado, 15 de novembro de 2025

Guerra entre facções transforma mata do Recôncavo baiano em rota estratégica e amplia sensação de insegurança na região

Foto: Reprodução

Da Redação

A disputa entre facções criminosas no Recôncavo da Bahia tem provocado uma onda de violência que mudou a dinâmica da região. O conflito, concentrado especialmente em São Félix, Cachoeira e Muritiba, ganhou força nos últimos dias, quando confrontos armados na área da barragem de Pedra do Cavalo resultaram em uma operação policial que deixou nove suspeitos mortos e cinco presos. As investigações apontam que o Comando Vermelho (CV) e o Bonde do Maluco (BDM) travam uma guerra por territórios estratégicos.

Segundo o pesquisador em Segurança Pública Saulo Renato, o avanço das facções é acelerado por sua reorganização interna e pela entrada de grupos vindos de grandes centros urbanos, como Rio e São Paulo. A região passou a ser disputada por possuir características valiosas para o crime: rotas fluviais e rodoviárias que conectam capital, interior e litoral; áreas de mata fechada que facilitam esconderijos, acampamentos e transporte clandestino; e uma estrutura policial limitada.

O especialista afirma que a geografia do Recôncavo tem sido usada como vantagem tática pelos criminosos, que se deslocam por mata densa e usam comunidades rurais como base. Ele também destaca que operações pontuais, embora causem impacto imediato, não são suficientes para combater o avanço das facções por falta de presença contínua do Estado, inteligência territorial e políticas sociais que reduzam o recrutamento de jovens pelo tráfico.

A escalada da violência causou efeitos diretos no cotidiano dos moradores. Cidades suspenderam aulas, fecharam comércios, interromperam o transporte público e orientaram a população a permanecer em casa durante os confrontos. O clima de medo e insegurança se intensificou, com relatos de desconfiança entre vizinhos e sensação de abandono, enquanto as operações policiais seguem mobilizando cerca de 200 agentes, inclusive do Grupamento Aéreo.

As polícias Civil e Militar afirmam que os grupos envolvidos possuem armamento pesado, incluindo fuzis 7.62, o que elevou o nível dos confrontos. A SSP-BA informou que os líderes das facções na Bahia estariam escondidos no Rio de Janeiro, de onde comandam invasões e homicídios. Mesmo após a desarticulação de acampamentos e a morte de nove suspeitos, o cerco permanece ativo na região, com revistas, buscas em áreas de mata e reforço no patrulhamento para conter o avanço das organizações criminosas. A reportagem é do G1.

15 de novembro de 2025, 09:00

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