Mesmo ausente em plenário, Binho Galinha registrou presença em todas as sessões da Assembleia após operação policial

Da Redação
Principal alvo da operação El Patron, da Polícia Federal, realizada no dia 7 de dezembro para combater um grupo miliciano em Feira de Santana, o deputado estadual Binho Galinha (Patriota) registrou presença em todas as sessões ordinárias da Assembleia Legislativa antes do recesso parlamentar, mesmo sem aparecer no plenário da Casa.
Depois da operação, a Assembleia registrou sessões ordinárias nos dias 11, 12, 13, 18, 19 e 20 de dezembro, a última antes do recesso. Embora os trabalhos em plenário tenham início no começo da tarde, Binho Galinha registrou as presenças discretamente sempre pela manhã, entre 8h30 e 10h, junto à Secretaria da Mesa Diretora da Casa. Depois, deixava o prédio principal Legislativo e não comparecia às sessões nem para votar os projetos de interesse do governo Jerônimo Rodrigues (PT), do qual é aliado.
Binho Galinha, cujo principal reduto eleitoral é Feira de Santana, é acusado de liderar o grupo miliciano, que contava também com a participação de policiais militares. Durante a operação, um total de seis pessoas foram presas, entre elas o filho e a esposa do parlamentar (esta de forma domiciliar, com o uso de tornozeleira, por estar grávida). Todos foram denunciados pelo Ministério Público da Bahia por lavagem de dinheiro, agiotagem, receptação qualificada e jogo do bicho.
Foram cumpridos, no total, dez mandados de prisão preventiva e 35 de busca e apreensão, inclusive na casa e nas fazendas do deputado. A Justiça determinou, ainda, o bloqueio de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados e o sequestro de dez propriedades rurais, nove casas, dois apartamentos, além de terrenos e uma sala comercial, num total de 26 imóveis. Houve também a suspensão das atividades econômicas de seis empresas e o pedido de pagamento de multas que ultrapassam os R$ 30 milhões por danos morais coletivos.
Mesmo quando a operação foi noticiada, colegas de Binho Galinha na Assembleia evitaram comentar publicamente o assunto. A Casa encerrou os trabalhos legislativos de 2023 sem sequer instalar o Conselho de Ética para apurar o caso. Não houve, por sinal, nenhum parlamentar a defender a abertura de processo para apurar as acusações. Se não surgirem fatos novos no âmbito judicial, o recesso, que termina em fevereiro, deve beneficiar Binho Galinha, ao menos politicamente.