sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Montadoras pedem ao governo que barre incentivo a BYD no setor automotivo

Foto: Divulgação

Da Redação

Uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por representantes de quatro das maiores montadoras instaladas no Brasil – Toyota, Stellantis, Volkswagen e General Motors – solicita que o governo federal suspenda a concessão de incentivos fiscais temporários à empresa chinesa BYD. As montadoras alegam “concorrência desleal” diante da possível redução de impostos para veículos importados parcialmente montados.

O documento, que ganhou repercussão em Brasília, critica diretamente a estratégia da BYD, que recentemente iniciou a montagem de carros elétricos no país e anunciou investimentos robustos na construção de uma fábrica em Camaçari, na Bahia. O galpão de montagem já em funcionamento faz parte da primeira etapa do projeto, cuja estrutura completa está em fase de construção.

A chegada da montadora chinesa ao mercado nacional tem provocado reações no setor. Com preços competitivos e foco em eletrificação, a BYD tem impulsionado a redução de valores em modelos similares de outras marcas. Um exemplo citado no setor foi a queda de mais de R$ 100 mil no preço de um carro elétrico concorrente após o início das operações da montadora asiática.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as principais montadoras instaladas no Brasil, argumenta que os incentivos fiscais à nova concorrente podem impactar empregos e gerar desequilíbrios na indústria nacional. Contudo, críticos da posição das montadoras afirmam que o movimento representa uma tentativa de barrar avanços tecnológicos e a modernização do setor automotivo brasileiro.

A proposta de redução temporária de impostos segue modelo já adotado por outras montadoras que, antes de completarem a nacionalização da produção, obtiveram benefícios semelhantes. A BYD defende que sua atuação está dentro dos parâmetros legais e do contrato firmado com o Governo da Bahia, e ressalta que sua instalação em Camaçari representa a retomada da atividade industrial no mesmo local onde outra fabricante havia encerrado operações.

Nas redes sociais, consumidores têm demonstrado apoio à presença da nova montadora no mercado, destacando a importância de maior competitividade e acesso à tecnologia a preços mais acessíveis. Para parte da opinião pública, a resistência de empresas tradicionais revela um desconforto com a perda de protagonismo em um setor que passa por transformação acelerada.

Segundo a BYD, sua proposta visa contribuir com a transição do Brasil para uma mobilidade mais limpa e acessível, reforçando a produção local e estimulando inovação. A empresa também afirma que não busca privilégios fiscais, mas sim a aplicação de um modelo de incentivo já praticado anteriormente no país.

A decisão agora cabe ao governo federal, que deverá avaliar o impacto da medida tanto no mercado quanto na política industrial e de inovação tecnológica no setor automotivo brasileiro.

30 de julho de 2025, 10:32

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