sexta-feira, 26 de abril de 2024

O santo que revelou a fórmula para ganhar na loteria – por Davi Lemos

Foto: Reprodução

Davi Lemos*

No século XIX, viveu na Itália o famoso São João Bosco (1815 – 1888), chamado mais comumente de Dom Bosco e célebre pelos milagres e profecias que realizou ainda em vida. Profecia, grosso modo, são predições do futuro a partir de uma revelação divina. Agora imaginem quantos brasileiros buscariam Dom Bosco para saber os números da Mega Sena da Virada cujo sorteio será realizado hoje, com prêmio estimado em R$ 350 milhões?

Hoje é 31 de dezembro, e a corrida para arrumar a casa para os festejos do Réveillon vem, para boa parte dos brasileiros, acompanhada daquela passadinha numa casa lotérica para tentar a sorte. Mas não é que, no tempo em que viveu o santo, um italiano também desejoso de enricar sem maior esforço foi ao fundador da Ordem Salesiana perguntar quais seriam os números mágicos para ganhar uma bolada fácil?

O homem que foi procurar Dom Bosco era muito pobre e, claro, tinha ouvido falar das profecias feitas pelo santo. O que seria então revelar os números da loteria? Ao ser questionado pelo pobre homem, São João Bosco pensou por um tempo e respondeu: “Os ‘números mágicos’ para você ganhar na loteria são estes: 10, 7 e 14. Jogue-os, em qualquer ordem, que você conseguirá”.

Ao ouvir isso, o homem encheu-se de esperança e já iria arrumar algum dinheiro para realizar uma aposta, afinal, com aqueles três números preditos, certamente ganharia e deixaria a miséria em que vivia. Mas, antes que saísse da vista de Dom Bosco, o santo o chamou para explicar o significado daquela resposta.

Pacientemente, Dom Bosco disse que o 10 indicava que o homem deveria viver os dez mandamentos da Lei de Deus; o 7, que ele deveria receber com frequência os sacramentos; e o 14, que ele deveria praticar com as 14 obras de misericórdia previstas na doutrina, tanto as sete espirituais quanto as sete corporais. “Se você cumprir estas três coisas: observar os Mandamentos, receber bem os Sacramentos e praticar as obras de misericórdia, ganhará na melhor e mais extraordinária de todas as loterias, que é a glória eterna do Céu”. Aquele homem pobre compreendeu o ensinamento de Dom Bosco e foi, igualmente feliz, a um asilo e ofereceu uma esmola.

A doutrina católica não condena, em si, os jogos de azar ou as apostas. Na seção que trata sobre os dez mandamentos no Catecismo da Igreja Católica, a justa maneira de participar de jogos e apostas é explicada quando se trata do “não roubarás”.

“Os jogos de azar (jogos de carta etc.) ou apostas em si não são contrários à justiça. Tornam-se moralmente inaceitáveis quando privam a pessoa daquilo que lhe é necessário para suprir suas necessidades e as dos outros. A paixão pelo jogo corre o risco de se transformar em uma dependência grave. Apostar injustamente ou trapacear nos jogos constitui matéria grave, a menos que o dano infligido seja tão pequeno, que aquele que o sofre não possa razoavelmente considerá-lo significativo”, diz o parágrafo 2413 do Catecismo.

Claro que, como bom católico, fiz uma aposta na Mega da Virada, mas sem retirar daquilo que é necessário para o sustento de casa. E também atento ao que disse Cristo: “É mais fácil passar o camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar o rico no Reino de Deus” (Mc 10, 25).

*Davi Lemos é jornalista

31 de dezembro de 2021, 12:38

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