PF aponta uso de verba para respiradores da Covid em compra de carros e despesas pessoais

Da Redação
A Polícia Federal encontrou indícios de que os R$ 48,7 milhões pagos em 2020 pelo Consórcio Nordeste para a compra de respiradores pulmonares — que nunca foram entregues — foram desviados para despesas particulares, como a compra de carros e o pagamento de faturas de cartão de crédito. As informações são do portal UOL.
Na época, o Consórcio era presidido pelo ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Segundo a investigação, a empresa Hempcare, contratada para fornecer os ventiladores, transferiu integralmente o montante para pessoas físicas e empresas sem qualquer relação com o fornecimento dos equipamentos.
Entre as despesas identificadas pela PF estão a compra de um SUV Volkswagen Touareg, um caminhão Mercedes-Benz Accelo e um Mitsubishi ASX. Um dos beneficiários também teria usado parte do dinheiro para quitar cerca de R$ 150 mil em faturas de cartão de crédito e pagar mensalidades escolares.
“Impressiona verificar que até mesmo as faturas de cartões de crédito foram pagas com recursos originalmente públicos destinados à compra de respiradores pulmonares”, destaca trecho do processo.
Ao menos R$ 5 milhões passaram por empresas de administração de bens, do ramo imobiliário e instituições financeiras, sem que o valor tenha sido destinado a fornecedores de equipamentos médicos.
O contrato firmado com a Hempcare previa pagamento integral adiantado, mesmo a empresa sendo especializada em medicamentos à base de cannabis e sem experiência anterior na venda de respiradores. Os aparelhos nunca foram entregues.
A investigação, que chegou a tramitar na primeira instância da Justiça Federal da Bahia após Rui Costa deixar o cargo de governador, foi recentemente devolvida ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em razão de mudanças no entendimento sobre foro privilegiado.
Em delação premiada, a empresária Cristiana Taddeo, dona da Hempcare, relatou que o empresário Cleber Isaac, que se apresentou como amigo de Rui Costa e da então primeira-dama Aline Peixoto, teria intermediado o negócio. Ela devolveu R$ 10 milhões como parte do acordo com a Justiça. Em agosto de 2024, a PF deflagrou nova fase da operação, com mandados de busca e apreensão contra Cleber Isaac e outros investigados.