domingo, 22 de dezembro de 2024

Rapidinhas: A “limpeza excessiva” da Polícia Federal, a reforma de Bruno Reis e o dilema do líder da oposição

Foto: Divulgação

Alberico Goméz e equipe

Limpeza excessiva

A Operação Overclean, deflagrada nesta terça-feira (10) pela Polícia Federal na Bahia e em outros estados do país para investigar crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em órgãos públicos deixou a classe política no Estado em polvorosa. Desde o surgimento das primeiras notícias sobre o assunto, parlamentares de diversos partidos e assessores passaram a procurar jornalistas em busca de mais informações – quando normalmente acontece o oposto. Isso porque investigações acabaram por respingar em pessoas ligadas tanto ao governo quanto à oposição. Talvez por isso o nome da operação, na tradução, signifique “limpeza excessiva”.

Juntinhos em Lauro

O epicentro do esquema é unidade baiana do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), mas a quadrilha, formada por um grupo de empresários, políticos e servidores públicos, expandiu os “negócios” para diversas cidades. Uma delas é Lauro de Freitas. O vice-prefeito da cidade, Vidigal Cafezeiro (Republicanos), foi alvo de busca e apreensão. Além disso, foi preso Ailton Figueiredo Souza Júnior, tido como operador do grupo e muito ligado à prefeita Moema Gramacho (PT). Os dois andavam juntos para todo canto. Ailton foi eleito este ano vereador em Nazaré, pelo PSDB.

Tudo em família

Outra cidade com desdobramentos da Operação Overclean é Campo Formoso, onde a Polícia Federal prendeu preventivamente o vereador eleito Francisco Manoel do Nascimento Neto (União), primo do deputado federal Elmar Nascimento (União). Francisco é acusado de receber diversas vantagens indevidas para beneficiar empresas citadas nas investigações quando era secretário-executivo da Prefeitura na atual gestão do prefeito Elmo Nascimento (União), irmão de Elmar. Elmo autorizou pagamentos de R$56,8 milhões à empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda, principal envolvida no esquema de corrupção.

Olho no padrinho

Pelo visto, a reforma administrativa do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), não confunde apenas a cabeça dos políticos. Uma parte da imprensa também anda meio nervosa e até “trocando as bolas”. Esta semana, um renomado veículo de comunicação trocou os nomes de Rodrigo Amaral, vereador eleito (conhecido também pelo apelido “pouco bonito”), e de Rodrigo Alves, titular da Secretaria Municipal de Gestão (Semge). O tal site acabou “nomeando” o Amaral, que está apenas no primeiro mandato, como novo secretário da Educação de Salvador, quando quem está cotado para a pasta é o Alves. Será que foi a ânsia de tentar agradar algum padrinho de peso ou pura “barrigada”?

Acordo com o tucanato

Segundo fontes do ninho tucano, o prefeito assumiu, antes da campanha, o compromisso com o PSDB de que o secretário municipal de Educação no segundo mandato seria indicado pelo partido. E o nome de consenso entre os vereadores e o deputado federal Adolfo Viana, expoente da sigla na Bahia, é justamente o de Rodrigo Alves, que foi diretor de Infraestrutura da pasta antes de ir para a Semge, no início de 2023. Lideranças como o próprio Adolfo e o vereador Carlos Muniz (PSDB), presidente da Câmara Municipal, sequer cogitam a possibilidade de o acordo não ser cumprido, apesar do lobby pela permanência do atual secretário, Thiago Dantas.

Prêmio de consolação

Bruno Reis garantiu aos vereadores da base que não se reelegeram que ninguém ficará desamparado, pois haverá espaço para todo mundo na gestão. Ele pede paciência aos aliados, garantindo que vai chamar todo mundo para conversar no momento certo. Um dos mais agoniados é o vereador Átila do Congo (PMB), pupilo do deputado federal Cláudio Cajado (PP). Resta saber se o edil continuará sendo lembrado no Palácio Thomé de Souza se Cajado migrar para a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT). A esposa do parlamentar, Andréia Xavier, ex-prefeita de Dias D’Ávila, é cotada para ser a próxima secretária estadual do Planejamento.

Coração x razão

Atual líder da oposição na Assembleia, Alan Sanches (União) vive um dilema sobre a escolha do sucessor no comando da bancada. Se for apenas levar em conta o coração, o preferido dele é o deputado Samuel Júnior (Republicanos). Se escolher ouvir a razão – leia-se aí o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) -, vai optar por Tiago Correia (PSDB). O bloco dos 20 parlamentares oposicionistas na Casa está dividido. Ainda não há consenso entre os dois “candidatos”, que começaram um duelo público pelo posto, por meio das manifestações de apoio dos colegas.

Confraternização de Neto

Por sinal, ACM Neto deve ser questionado sobre a disputa pela liderança da bancada de oposição na Assembleia na confraternização que fará com aliados e a imprensa, agendada para o inicio da noite desta quinta-feira (12), no bairro do Comércio, em Salvador. Na ocasião, o ele pretende fazer um balanço do ano e, claro, reforçar as críticas ao governo Jerônimo Rodrigues (PT).

Até o caixão

Em uma entrevista a uma emissora de rádio do extremo-sul, o prefeito reeleito de Porto Seguro, Jânio Natal, surpreendeu o meio político com as juras de amor que fez ao PL, o partido ao qual é filiado. Ele garantiu que não pretende deixar a legenda. Aliás, afirmou que, “quando morrer, quero que a bandeira do PL fique no meu caixão”. Fato curioso para quem, até outro dia, estava flertando com Jerônimo e o PT.

Causa própria

A Câmara Municipal de Feira de Santana aprovou com rapidez e agilidade, na semana passada, o reajuste no salário dos próprios vereadores. A votação seria unânime, não fosse o voto contrário do vereador Jhonatas Monteiro, do PSOL, que, coincidentemente, não conseguiu reeleição. Com o reajuste, o salário atual de R$ 19 mil, subiu para cerca de R$ 26 mil.

10 de dezembro de 2024, 14:07

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