Rapidinhas: ACM Neto cogita chapa adesista e Rui Costa mira oposicionistas

Davi Lemos

Chapa adesista

Pré-candidato do União Brasil a governador, ACM Neto corre o risco de perder aliados mais antigos se optar por uma composição de chapa formada apenas por companheiros adesistas, ou seja, que trocaram de lado neste ano eleitoral. É o caso do vice-governador João Leão (PP), que deve aceitar oficialmente ainda essa semana o convite para ser candidato a senador ao lado do ex-prefeito da capital baiana, e do deputado federal Marcelo Nilo (sem partido), de malas prontas para ingressar no Republicanos e cujo nome tem sido cotado como vice na chapa netista.

Rui mira PDT

O PDT, por exemplo, dificilmente irá aceitar não estar presente na chapa, após acordos políticos costurados nacionalmente e localmente com ACM Neto. No sábado (12), o secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates, que também é presidente municipal da legenda, declarou publicamente que o partido quer estar na chapa do ex-prefeito e que o nome para compor é o do deputado federal Félix Mendonça Júnior, que comanda a sigla no estado. O governador Rui Costa (PT) monitora de perto as movimentações e já tem pedido a emissários para sondar os pedetistas sobre um possível regresso à base, dessa vez com nova musculatura.

Sucessor de Roma

O presidente Jair Bolsonaro (PL), durante a live da última quinta-feira (10), anunciou que o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), deixaria a pasta para disputar o governo da Bahia. Fontes desta coluna com acesso ao Palácio do Planalto dizem, entretanto, que o ministro pode não conseguir fazer seu sucessor na pasta, uma vez que desponta como favorito o secretário especial de Esportes, Marcelo Magalhães, que tem ganhado a confiança de Bolsonaro. Roma quer Luiz Galvão, atual chefe de gabinete, como sucessor, mas parece que não conseguirá emplacá-lo.

Cria de Neto

Luiz Galvão, por sinal, é outra cria política de ACM Neto, a exemplo do próprio João Roma. Trabalhou no Gabinete da Prefeitura, foi secretário de Saúde de Salvador e chefe das Prefeituras-Bairro na gestão municipal. O desempenho dele na pasta da Saúde, cargo no qual ficou por um ano, foi considerado pífio. Ele foi sucedido por Leo Prates.

Senador Otto Alencar (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Mudança no duelo

Se há duas semanas a projeção de duelo para uma vaga ao Senado estava mais ou menos configurada entre Marcelo Nilo e Rui Costa, com a saída do PP da base governista mudam os atores da disputa, agora polarizada, ao menos em hipótese, por dois históricos ex-carlistas: João Leão e Otto Alencar (PSD), que deve se candidatar à reeleição. Analistas políticos como Paulo Fábio Dantas Neto apostam que essa disputa deve chamar mais a atenção que a eleição para governador, visto que o pré-candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, secretário estadual da Educação, é tido como um nome a ser engolido se o ex-presidente Lula (PT) não entrar com força em campo.

Brincadeira de comitê

Uma das brincadeiras feitas durante o anúncio da pré-candidatura de Jerônimo Rodrigues ao governo baiano, na sede do PT, no Rio Vermelho, na última sexta (11), era que o comitê da candidatura de Rui Costa ao Senado estaria ao lado, na mesma Rua Ilhéus. A piada era pelo número estampado à frente do imóvel, 131, que poderia ser a legenda de Rui caso ele conseguisse ter o apoio do próprio PT para bancar até o fim a candidatura para a Casa mais alta do Congresso, coisa que o senador petista Jaques Wagner não deixou.

Dez dedos

E foi revelado, no mesmo tom de piada, por deputados da base do senador Otto Alencar, o motivo por que o parlamentar não aceitou o desafio de ser candidato ao governo estadual pelo grupo governista. Os deputados que iam à Governadoria brincavam que Lula não conseguiria fazer o 55 de Otto e que, por isso, o senador preferiu disputar a reeleição. O que era brincadeira, dias depois virou profecia: Otto desistiu e Jaques Wagner tirou o time de campo, abrindo espaço para o pouco conhecido Jerônimo Rodrigues.

Longe de problema

Com a saída do PP da base, fica a dúvida sobre quem pode ser o candidato a vice na chapa de Jerônimo Rodrigues. Aventada para a missão, a deputada federal Lídice da Mata (PSB) mandou avisar que não quer. O vice-presidente do PSB na Bahia, Rodrigo Hita, disse que o partido não foi ainda convidado para discutir a indicação para a vice – que pode ser também ocupada pelo PCdoB, que reclamou não ter sido consultado sobre nenhum capítulo da reviravolta em torno da chapa governista.

Deputado federal Ronaldo Carletto (Foto: Reprodução/ Instagram @ronaldocarletto)

O último suspiro de Carletto

Quem ainda se esforçou até o último minuto possível para manter o PP na base de Rui Costa foi o deputado federal Ronaldo Carletto, que ainda sonhava em ser indicado para concorrer à vaga de vice. Na sexta-feira (11), esteve na Governadoria para conversar com lideranças do governo de Rui, mas a visita que selou o destino do bloco foi a de João Leão, nesta segunda-feira (14).

Bonfim no PP

Após um flerte com o PSB, o deputado estadual Vitor Bonfim (PL) teve um encontro na semana passada com o vice-governador João Leão. A indicação era que o deputado se filiaria ao ninho pepista, mas ficou a indefinição depois que o partido do vice-governador anunciou que poderia caminhar ao lado de ACM Neto. Bonfim já havia decidido não ir para o PSB, pois, camarada, percebeu que poderia inviabilizar as reeleições de Fabíola Mansur e Ângelo Almeida. Aliás, sem a federação com PT, PCdoB e PV, o partido de Lídice da Mata deixou de ser o destino desejado pela maioria dos deputados.

Pastor Sargento Isidório (Foto: Reprodução/ Instagram)

Pastor desbloqueado

O Pastor Sargento Isidório (Avante), que é deputado federal e, como afirma, ex-gay, publicou nesta segunda-feira (14), no Instagram, um vídeo em que afirma que, antes de conhecer Jesus, era “desbloqueado”. “Era cachaça, era maconha, era tudo, era ‘queimar a rodinha’. Era desbloqueado. O homem ou a mulher sem Jesus é uma folha seca caída no chão”, disse o deputado federal.