sexta-feira, 26 de abril de 2024

Rapidinhas: O que anda tirando o sono de Rui Costa e de deputados da bancada baiana

Foto: Fernando Vivas/GOVBA

Davi Lemos

Bolsonaro no PP

O governador Rui Costa (PT) acompanha atentamente, e com boa dose de preocupação, o desenrolar das negociações envolvendo a filiação de Jair Bolsonaro ao PP. No sábado (09), o petista conversou por telefone com o deputado Cacá Leão, líder pepista na Câmara Federal e filho do vice-governador João Leão. O parlamentar contou a Rui que a filiação está “bem encaminhada”, apesar de focos de resistência na Bahia e em outros do Nordeste. Sobre como vai ficar a situação do PP no estado, Cacá garantiu que ainda existe margem de negociação para que as acordos locais sejam preservados. O que já ficaria descartado de imediato, caso a filiação se confirme, é o apoio do partido no estado ao ex-presidente Lula, que chegou a ser anunciado por Leão.

Cacá e Fufuca

Aliás, as duas últimas barreiras no Congresso para o ingresso do presidente Jair Bolsonaro no PP, que já foram equacionadas, eram dois deputados federais do Nordeste: um deles o próprio Cacá Leão e o maranhense André Fufuca. Eles concentravam, em Brasília, os derradeiros focos de resistência. As conversas para retirar as duas pedras do caminho foram capitaneadas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e pelo atual ministro Ciro Nogueira (Casa Civil). Agora, o retorno de Bolsonaro ao PP é, segundo fonte desta coluna, questão de tempo, apesar de toda verborragia de João Leão.

Orelha em pé

Tem parlamentar da bancada baiana que ficou de orelha em pé e perdeu o sono ao saber que a Controladoria Geral da União (CGU) e a Polícia Federal decidiram investigar um esquema que envolve a compra de emendas orçamentárias. A negociata, que tem enriquecido muita gente às custas do erário, funciona da seguinte forma: deputados e senadores apresentam uma emenda destinando recursos para prefeituras e cobram uma porcentagem do valor estimado a agentes públicos ou empreiteiros. Tem parlamentar faturando até em cima da compra de tratores enviados a municípios.

Foto: Carlos Alberto/CMS

Pisando em ovos

Presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior (MDB) está numa sinuca de bico, segundo leitura feita por um analista da cena política baiana. Embora tenha o desejo de externar logo o apoio à candidatura de ACM Neto (DEM) ao governo da Bahia, ele não pode fazê-lo porque os caciques emedebistas alegam que ainda não tem nada fechado. Mas, ao mesmo tempo, o edil precisa dar sinais nesse sentido para agradar o grupo de Neto, afinal disso depende, e muito, o sucesso da candidatura dele a deputado federal. Um detalhe importante: como não há janela partidária para vereador que almeja ser candidato em 2022, Geraldo Júnior sabe que está pisando em ovos.

Duchas de água fria

O ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), teve duas notícias ruins para as próprias pretensões eleitorais na semana passada. A primeira foi o aval dado pela turma que comanda o PP nacionalmente para a filiação do presidente Jair Bolsonaro, o que dificulta em muito os planos do ministro de ir para o partido escolhido pelo chefe, em função do quadro político baiano – por aqui os pepistas ainda estão com o governador Rui Costa (PT). A segunda notícia foi o avanço da fusão do DEM com o PSL para dar origem ao União Brasil, o que fortalece a candidatura de ACM Neto (DEM) ao governo da Bahia e o poder do ex-prefeito de barganhar para manter o apoio do Republicanos de Roma. Duas duchas de água fria.

Foto: Divulgação

Mirela no União Brasil?

Além do PP, outro partido que deve sofrer baixas por conta da criação do União Brasil, sigla que surgirá a partir da fusão do DEM com o PSL, é o PSD do senador Otto Alencar. A deputada estadual Mirela Macedo, que tem bom trânsito com a oposição, cogita fazer essa troca.

Só aumento de letra

Os partidos de esquerda que estarão na aliança com o PT nas eleições de 2022 viram mais propaganda e euforia que fato concreto na união entre DEM e PSL. Afinal, as duas siglas já estariam juntas na Bahia e, logo, a fusão não representaria na prática nem aumento de tempo de rádio e TV nem de fundo partidário em prol de ACM Neto. “Aumenta é o problema, pois vai atrair quem está fora e vai dificultar a eleição de quem está dentro”, disse um parlamentar da base do governo.

Foto: Divulgação

A professora e o juiz

Sem querer apoiar nem Lula nem Bolsonaro, a deputada federal Dayane Pimentel (PSL) já declara apoio à candidatura presidencial do ex-juiz federal Sérgio Moro, caso o ex-magistrado confirme a intenção de ser candidato em 2022. “Como lavajatista, estarei na trincheira na defesa de Sergio Moro como candidato, pois precisamos resgatar o combate à corrupção, a força da operação Lava Jato e fortalecer nossa democracia: ações que foram menosprezadas e perdidas neste atual governo”, disse a a parlamentar. Vale lembrar que o partido da deputado, que será o União Brasil, pretende ter candidato próprio à Presidência, e Moro não é cogitado – o ex-juiz é cortejado pelo Podemos, que tem ajudado Bolsonado, desafeto de Dayane, nas pautas do Congresso.

Conselho do MP

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) realiza nesta quarta-feira (13) um ato público contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe a alteração na composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Convocada pela procuradora-geral de Justiça Norma Cavalcanti e pelo presidente estadual da Associação do Ministério Público (Ampeb) a mobilização acontece às 10h, na sede principal da instituição, no CAB. Promotores e procuradores de todo o país consideram que a PEC, defendida por partidos do governo e da oposição, retira poderes de investigação do órgão.

Villas-Boas e o MDB

Quem está com malas quase prontas para ir para o MDB é o ex-secretário estadual da Saúde Fábio Villas-Boas. Nem a queda após chamar uma famosa chef de cozinha de “vagabunda” e nem o conselho de petistas para que desistisse de uma cadeira na Câmara Federal demoveram o médico, que, inclusive, parece ter apoio de Rui Costa (PT), a quem acompanhou em recente agenda no sul baiano. Um observador da cena política foi mais longe na leitura: “Fábio Villas-Boas no MDB pode ser um sinal claro do MDB na base de Rui”.

11 de outubro de 2021, 12:11

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