Série “Celice” vai remontar Salvador dos anos 1940 para contar história real de pianista negra
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Da Redação
A história de uma jovem pianista negra na Salvador dos anos 1940 é o tema central da série “Celice”, obra da Wayra Projetos Culturais em desenvolvimento. Uma prévia do projeto poderá ser conferida no próximo dia 18 de janeiro, no auditório da Biblioteca Anísio Teixeira, na Av. Sete de Setembro, em Salvador. A partir das 10h, será realizada uma leitura comentada dos textos da série, com a participação da criadora, roteirista e historiadora, Wayra Silveira, e da roteirista assistente, Ayala Aoli.
No encontro, o público também poderá conhecer mais sobre os bastidores do processo criativo e os desafios de dar vida a essa narrativa marcante. A entrada é gratuita, mediante inscrição prévia no link, e o evento terá acessibilidade com tradução em LIBRAS e audiodescrição.
A série de ficção é inspirada na história real da jovem pianista negra Celice Silveira e de sua família em uma Salvador marcada por profundas desigualdades sociais. O drama histórico e de mistério confronta o projeto da elite branca da capital baiana das primeiras décadas do século XX que desejava modernizar e “civilizar” a cidade com os desafios da população negra de ganhadores e ganhadeiras.
Tendo Celice como foco da narrativa, a série vai também lançar olhares sobre elementos do cotidiano de Salvador daquela época, sua história, arquitetura e a vida da população negra e pobre do centro da cidade, além da musicalidade então existente na primeira capital do Brasil, que ia desde as composições eruditas dos conservatórios até as canções do rádio e os batuques de rua.
A história de Celice Silveira já foi abordada no documentário “Celice – Histórias e Canções de uma Mestra Pianista”, lançado em 2018. Celice nasceu em 1930 no centro antigo de Salvador, poucas décadas depois da abolição da escravidão no Brasil, oficialmente extinta em 1888. A futura pianista cresceu em uma Bahia republicana que ainda guardava traços imperiais.
Filha de uma família negra e próspera, Celice começou a estudar aos seis anos e foi aluna do Instituto de Música da Bahia, a segunda instituição oficial de ensino de música no Brasil. A trajetória da sua família se confunde com a história de Salvador do século XX.
A pianista faleceu em 2024 e deixou um legado para família, amigos e admiradores, que acompanharam sua trajetória em que esbanjava talento e sensibilidade. A série ficcional vai abordar aspectos que envolvem a história do Brasil e da Bahia, apresentando os desafios de uma família negra viver no estado poucos anos após a abolição da escravatura.
O projeto “Série Celice” foi contemplado pelo edital SalCine, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.