sábado, 18 de maio de 2024

Som péssimo e medo do “efeito Alok” não intimidaram fãs de Madonna em Copacabana

Foto: Júlia Oliveira

João Gabriel Passos, do Rio de Janeiro para o TodaBahia

O melhor do show de Madonna no Brasil sem dúvida foram os fãs da cantora ítalo-americana. A maioria formada de pessoas de baixa renda, que não tiveram a possibilidade de ascender na vida com Madonna – que já foi pobre um dia. No Metrô a caminho do show, em Copacabana, no Rio de Janeiro, as pessoas mostravam suas fantasias de Madonna. Um ou outro adereço para homenagear a diva.

Mas o espetáculo oferecido pela cantora estava longe do imenso carinho que ela recebe dos fãs brasileiros. Um som péssimo, que não dava para ser nem ao lado do Copacabana Palace, quartel general da cantora, onde uma bizarra passarela com o nome do patrocinador do Show atravessava do hotel ao palco, para que Madonna flutuasse sem ter contato com o público. Mais uma concessão do provincianismo tacanho do prefeito sambista Eduardo Paes. Aliás sambar é com a população do Rio.

Com o som horrível, o público não acompanhava muito bem as músicas, vibrava mais com as imagens nos telões. O Metrô funcionou direito, mas as filas para revista dando acesso à Avenida Atlântica eram quilométricas. Um policial deu uma bronca bem humorada: “Tem duas filas, gente. Vocês não querem entrar”, disse no acesso em frente ao Hotel Hilton, no Leme, para onde a frente do palco estava posicionado.

O trauma de Alok

Na fila, um rapaz carioca na casa dos 30 anos ciceroneava amigos de várias partes do País. Ele não escondia o temor de que o show de Madonna repetisse o que aconteceu no show de Alok em setembro do ano passado na comemoração dos 100 anos do Copacabana Palace. Ocorreu uma onda de assalto e furtos onde quem estava no show ficou à mercê dos bandidos – cerca de 500 pessoas foram presas. “Estou preocupado. Quero sair 20 minutos antes de o show acabar”, disse. Os amigos não pareciam nem um pouco preocupados.

O “trauma de Alok” permeava além do público, policiais, bombeiros, funcionários da saúde e o pessoal dos bares e restaurantes que montaram estruturas para faturar um dinheiro a mau com a festa. No Bar e Restaurante OKGastrobar que fica no térreo do primeiro prédios de apartamento construído em Copacabana, datado de 1928, e tombado pelo patrimônio histórico, gerentes e garçons também se preocupavam com a segurança e o medo dos arrastões de assaltantes.

Refúgio

O camarote do Ok cobrava R$ 380,00 por cabeça com direito a almoço com três opções de menu com direito a entrada, prato principal e sobremesa, bebidas à parte. Um turista de São Paulo elogiou o menu só criticou a sobremesa, que tinha sorvete Kibon. Muitas pessoas compraram o pacote do Ok na última hora. Uma turista de João Pessoa fazia um vivo para o Insta dizendo que teve que aderir ao camarote para não esmagada pela multidão.

Antes de o “show” começar muita gente encostava na grade para negociar a entrada no “refúgio” que ficava a uns trezentos metros do Copacabana Palace. Três mulheres negras, que haviam se preparado para ver Madonna na areia, se renderam à segurança do local. “Vamos lá. Vale à pena. Madonna é o meu amor, disse uma delas ao passar o cartão e pagar a entrada das três, com a expressão de que aquela despesa não estava prevista, mas era coisa de fãs apaixonadas.

Dolce Vita

Perto da meia noite quando o evento já estava perto do fim, o TodaBahia conversou com um policial que estava no OK para fazer um pausa. Ele via as imagens com delay da multidão na Globo. “Foi tranquilo?”, perguntei. “Tranquilo nada, muito assalto, muito furto, trabalhamos demais. Só não aconteceu o efeito Alok porque tinha muitos polícias na rua. Tomara que a dispersão seja sem problema”, respondeu.

Ao lado do histórico Edifício Ok, que abriu brecha como primeiro arranha céu de Copa, uma garagem onde se instalou a boate Dolce Vita, típico inferninho do bairro, que ligou o luminoso para o “after” pós-show.

Na volta para casa, Metrô com equipe dando apoio para os passageiros. Funcionou, mas não deixamos de ouvir a história de um fã que era o único homem num grupo que tinha mais cinco mulheres. Ele contou que teve o celular furtado justamente por uma mulher. “Você foi premiado. Eu escapei. E o meu eu ainda estou pagando”, disse uma das amigas. Os fãs brasileiros de Madonna são sensacionais.

05 de maio de 2024, 08:20

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