quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Um mês após crime em Ilhéus, investigação sobre morte de três mulheres ainda levanta dúvidas

Foto: Reprodução

Da redação

O triplo homicídio que chocou Ilhéus, no sul da Bahia, completa um mês nesta segunda-feira (15) ainda cercado de questionamentos. Embora a Polícia Civil tenha apresentado Thierry Lima da Silva, 23 anos, como autor confesso do crime, a investigação enfrenta inconsistências, principalmente pela ausência de provas materiais que o liguem diretamente ao caso.

O assassinato brutal de Alexsandra Oliveira Suzart, 45 anos, Maria Helena do Nascimento Bastos, 41, e da filha dela, Mariana Bastos da Silva, 20, ocorreu no dia 15 de agosto, enquanto caminhavam pela Praia dos Milionários. As três passeavam com um cachorro, encontrado amarrado próximo aos corpos.

De acordo com o Correio, perícias realizadas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) descartaram a presença de DNA de Thierry nas vítimas e nos objetos recolhidos no local, incluindo três facas apontadas como possíveis armas do crime. Também não foram encontradas digitais dele nas lâminas.

A dinâmica do crime também gera dúvidas. Segundo a polícia, Thierry teria agido sozinho, tentando cometer um assalto que acabou em múltiplas mortes. No entanto, especialistas consideram improvável que um único homem, armado apenas com uma faca, conseguisse dominar três vítimas sem deixar marcas de luta corporal ou vestígios sob as unhas das mulheres.

Confissão sob questionamento

Durante audiência de custódia, Thierry afirmou ter roubado R$ 30 das vítimas. Para os peritos, a versão de latrocínio é frágil, pois não houve subtração significativa de bens, nem evidências de disputa por objetos roubados.

Além disso, especialistas lembram que a confissão isolada não é suficiente para sustentar a culpa, conforme prevê o Código de Processo Penal. “Ele é dependente químico, possivelmente em situação de vulnerabilidade. Confissões podem ocorrer sob pressão, e sem provas materiais sólidas não se sustentam”, destacou outro perito ouvido pela reportagem.

A ausência da arma do crime e a falta de evidências reforçam as críticas à condução do inquérito. Segundo os peritos, a repercussão nacional pode ter acelerado a busca por um culpado diante da pressão social.

Família pede respostas

Familiares das vítimas ainda tentam lidar com a tragédia. Um parente de Alexsandra afirmou que prefere aguardar novas informações da polícia antes de acreditar na versão oficial.

“Todos os dias nos perguntamos o porquê de tanta crueldade. Elas não tinham inimigos, eram professoras, evangélicas, cuidavam de autistas. Tudo ainda é um mistério”, disse em entrevista ao jornal Correio.

O caso segue em investigação pela Polícia Civil.

15 de setembro de 2025, 08:00

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