sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Uso do Pix despenca 10% em janeiro após onda de desinformação sobre taxação

Foto: Reprodução

Da Redação

O volume de transações realizadas via Pix apresentou uma queda significativa nos primeiros dias de janeiro, marcando o maior recuo desde a criação do sistema, em 2020. Entre os dias 4 e 10 de janeiro, foram realizadas 1,25 bilhão de operações, uma redução de 10,9% em relação ao mesmo período de dezembro. O levantamento, obtido pelo jornal O Globo junto ao Banco Central, chama a atenção por ocorrer justamente na semana que concentra o maior volume de movimentações financeiras do mês, por conta do pagamento de salários.

A diminuição coincide com a disseminação de notícias falsas sobre a taxação do Pix. A propagação desses boatos gerou desconfiança entre os usuários, especialmente pequenos empreendedores e trabalhadores autônomos, que temem uma intensificação na fiscalização de suas transações financeiras. Apesar disso, a Receita Federal afirmou que não há intenção de taxar o Pix e que as mudanças visam apenas combater fraudes e lavagem de dinheiro.

A queda no uso do Pix em janeiro de 2025 é atípica. Desde o lançamento do sistema, apenas duas outras reduções foram registradas: em janeiro de 2022 e em julho de 2024. A recente retração também ocorre em meio a alterações na legislação, que agora exigem a declaração de transações acima de R$ 5 mil mensais para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. No entanto, a Receita Federal esclareceu que não há monitoramento exclusivo de transferências realizadas pelo Pix.

Governo desmente boatos

Diante da rápida disseminação de desinformação, o governo federal acelerou a criação de uma campanha para esclarecer que o Pix não será taxado. A iniciativa foi solicitada pelo ministro Sidônio Palmeira, antes mesmo de sua posse na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), realizada na última terça-feira (14). De acordo com a Folha de S.Paulo, a Secom pediu às agências de comunicação que desenvolvessem uma estratégia digital em menos de 24 horas para combater os boatos.

A campanha foi impulsionada pela viralização de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que criticava as novas normas da Receita Federal. A publicação alcançou mais de 100 milhões de visualizações no Instagram e também foi amplamente compartilhada no TikTok. Segundo relatos, a desinformação gerou receio entre comerciantes, que passaram a evitar pagamentos via Pix, preferindo dinheiro em espécie.

Especialistas destacam que as mudanças nas regras de monitoramento financeiro não alteram significativamente a atuação da Receita Federal, e que o objetivo central é combater práticas ilícitas, sem qualquer relação com tributação do Pix.

15 de janeiro de 2025, 16:00

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