Famílias das vítimas da Operação Contenção deixam o IML e cobram respostas sobre mortes no Rio
Da Redação
As últimas famílias das vítimas da Operação Contenção, deflagrada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro no início da semana nos complexos da Penha e do Alemão, zona norte da capital fluminense, começaram a deixar o Instituto Médico Legal (IML), no centro da cidade.
Até esta sexta-feira (31), a Polícia Civil informou que 99 corpos haviam sido identificados. O órgão ainda trabalhava para confirmar a identidade de oito vítimas, de um total de 117 civis mortos durante a operação, que também deixou quatro policiais mortos.
Segundo o balanço da Polícia Civil, 42 mortos tinham mandado de prisão pendente e 78 possuíam envolvimento com o crime. Entre os identificados, 13 eram oriundos de outros estados, como Pará, Bahia, Amazonas, Ceará, Paraíba e Espírito Santo.
Até ontem, 89 corpos já haviam sido liberados para os familiares.
Entre as famílias, o sentimento é de alívio e indignação. Muitas relatam a dificuldade para localizar os parentes e a falta de informações oficiais sobre o que ocorreu durante os confrontos.
Em nota, o governo do Rio de Janeiro justificou a operação como uma medida para conter a expansão do Comando Vermelho, afirmando que as investigações apontavam para um intenso treinamento militar e um grande fluxo financeiro da facção nas áreas.
Segundo o governo, o grupo criminoso movimentava cerca de 10 toneladas de drogas por mês, utilizando os complexos da Penha e do Alemão como centros de abastecimento de armas e entorpecentes.
O governador Cláudio Castro defendeu a ação, destacando o papel da inteligência policial:
“O trabalho de investigação foi adequado. Todos eram perigosos e com ficha criminal. Reforço a importância da integração com outros estados. Em breve, entregaremos relatórios completos às autoridades competentes”, afirmou.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Subprocuradoria-Geral de Direitos Humanos e Proteção à Vítima (SUBDH), acompanha o caso e realiza uma perícia independente sobre as mortes.
Uma equipe de oito profissionais, acompanhada por um promotor de Justiça, atua na liberação dos corpos e coleta de informações no IML.
O governo federal também enviou 20 peritos da Polícia Federal para reforçar as investigações, segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
A Polícia Civil informou que está concluindo um relatório de inteligência com centenas de páginas, detalhando o perfil dos mortos e o papel estratégico dos complexos dentro da estrutura do Comando Vermelho.








