sábado, 4 de maio de 2024

Rapidinhas: O imposto, a tarifa e a ponte

Foto: Reprodução

Davi Lemos

O imposto
O aumento da alíquota do ICMS, encampado pelo governo Jerônimo como alternativa de auxílio aos prefeitos, não poderia ter sido aprovado em “melhor tempo”: na semana anterior ao reajuste da tarifa de transporte público por ônibus em Salvador. Isso, claro, na avaliação de quem precisa defender o Thomé de Souza e seu atual comandante, o prefeito Bruno Reis (União Brasil), que encontrou cenário um pouco mais favorável para encaminhar um projeto que subsidia em R$ 205 milhões as empresas da capital – pois aumentar passagem de buzu é sempre um perrengue principalmente para quem quer ficar mais quatro anos percorrendo a cidade em carro oficial.

A tarifa
Após a grita da oposição na Assembleia Legislativa contra o aumento do ICMS, até mesmo com desafio para quem votou favoravelmente à matéria de sair às ruas, hoje foi a vez da desforra da oposição na Câmara Municipal de Salvador. Marta Rodrigues disse, ainda na sexta-feira (10), quando o aumento foi anunciado, que o novo valor é um escárnio, Augusto Vasconcelos diz que os subsídios ao transporte público não são refletidos em melhora considerável. Mas, na discussão do projeto de subsídio enviado à Câmara, enquanto Marta e Vasconcelos pediram, respectivamente, mais transparência e debate sobre a matéria, a dupla ligada ao setor, os vereadores Hélio Ferreira (PCdoB) e Tiago Ferreira (PT), consideram o projeto um avanço que beneficiará os trabalhadores do setor que, por isso, não paralisaram.

A ponte
Na esteira das discussões sobre aumento de imposto estadual e de tarifa na capital, ressurge o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, acusado pela oposição a ele e a Bruno de colapsar o sistema de transporte na capital com o sistema de outorga onerosa, que, por sua vez, recordou promessas petistas sobre a ponte Salvador-Itaparica que já entraram para o rol de grandes contos de carochinha da política octávio mangabeirana, dada a absurdidade e elasticidade do prazo de entrega do empreendimento. Wagner disse que era 2013; Rui, 2025; Jerônimo, 2029. “Enquanto eles inventam novos prazos e desculpas com a maior cara lavada, o governo do estado já gastou mais de R$500 milhões em um projeto que virou filme de ficção científica”, escreveu Neto, no Instagram.

Avante
Talvez inspirado pelo nome da sigla, o presidente estadual do Avante, Ronaldo Carletto, já está deixando líderes de partidos da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) bastante preocupados ou insatisfeitos, reclamando dos avanços do partido, que passou a ser vitaminado, sobre bases de siglas como o PSD. Os pessedistas, embora digam publicamente que o avanço do Avante é natural, já estão reclamando com Jerônimo que faça uma intervenção para frear o ímpeto de Carletto. “Se mirasse nas bases do PP, seria tranquilo, mas está avançando nas bases de quem sempre foi aliado do governo. O PSD teve sempre posição clara”, disse uma fonte do partido à coluna.

PSD
Por falar em PSD, os integrantes do partido buscam arrefecer os ânimos tanto externa quanto internamente. Há uma divergência muito clara entre o presidente estadual da sigla, o senador Otto Alencar, e o deputado federal Antônio Brito. Otto disse que a sigla não teria candidato em Salvador e que Brito se concentraria nas eleições para a Presidência da Câmara dos Deputados. O filho de Edvaldo Brito rebateu e diz que os momentos são distintos, que uma eleição não impede planejar outra. O ato dessa segunda-feira (13), que “lançou” ou apresentou as pretensões do Antônio Brito não pacificaram a questão na sigla comandada por Otto.

Espera pela ruína?
No já longínquo ano de 2008, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Cidade Baixa, já lidavam com a hipótese de ver ruir o templo que abriga em suas paredes e memória uma das mais belas expressões de fé soteropolitana: a procissão marítima do Bom Jesus dos Navegantes. Naquele ano, sob a tutela do Iphan, foi realizado o “encamisamento” das colunas do templo, para conter as estruturas já rachadas. A intervenção deveria ser provisória, mas, 15 anos depois, as estruturas de metal no entorno das colunas permanecem; para completar, o edifício religioso é feito de banheiro público todo santo domingo. Durante a missa dominical noturna, os fiéis recebem, ao abrirem as portas, o forte cheiro de urina que invade o ambiente. Os fiéis e quem admira a arte contida no templo por onde passou Santa Dulce e a Beata Lindalva, ainda aguardam ações para que a Boa Viagem continue aberta e de pé.

13 de novembro de 2023, 20:32

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