Xavier: a seta da Navarra que nos leva até Jesus – por José Falcón Lopes
José Falcón Lopes
O século XVI, das grandes navegações, deu à humanidade uma geração de santos e santas extraordinários, dentre eles, um jovem navarro chamado Francisco, o caçula de cinco irmãos herdeiros do Castelo de Xavier, que toda a Igreja Católica celebra sua festa litúrgica neste dia 03 de dezembro.
Doutor em Filosofia pela Sorbonne (França), Francisco ironicamente não sabia, pelo menos até desistir da carreira acadêmica e de toda a glória que poderia buscar na Europa, que sua vida seria tão intrépida e importante para a humanidade quanto os seus sonhos místicos lhe revelariam pouco a pouco depois na sua missão.
Francisco foi discípulo espiritual do ex-capitão espanhol Inácio de Loyola, também nobre, a quem ajudou a fundar a ordem religiosa da Companhia de Jesus.
Ambos foram ordenados padres em Veneza, na Itália, em 1537. Enquanto Inácio precisou viver em Roma para resolver toda a burocracia para a constituição da Companhia de Jesus, Francisco foi enviado a Portugal para ser missionário na Índia e primeiro núncio apostólico de toda a Ásia.
O espanhol Francisco de Xavier fez como o seu xará italiano de Assis: deixou tudo, não olhou para trás, e seguiu a Jesus. Os dois Franciscos são, portanto, dois jovens ricos que, diferente do que nos conta a Sagrada Escritura em Mateus 19:16-30, conseguiram largar tudo para seguir o único caminho que verdadeiramente importa e nos salva.
Como o seu xará de Assis, o Francisco de Xavier fez da sua vida um Evangelho, talvez o único Evangelho que muitos do seu tempo puderam conhecer por onde ele passou peregrinando da Itália a Portugal, e depois de Angola a Moçambique, na África, e da Índia até a Indonésia e Malásia, passando clandestinamente pela China, até chegar ao Japão.
Em 03 de dezembro de 2019, eu era um cristão recém-convertido e tentava entender a vida de Francisco de Xavier, quando aprendi com um frei capuchinho na periferia de Salvador (Bahia, Brasil) que São Francisco Xavier foi uma seta apontada para Jesus. A seta da Navarra que ensina ao mundo o caminho da salvação.
Para nós, cristãos, Jesus foi homem e, ao mesmo tempo, a encarnação de Deus. Ao se entregar para a morte mais temida do seu tempo – a morte de Cruz – e ressuscitar ao terceiro dia, Jesus subverteu todo o significado de palavras como força, poder, glória, divindade e revelou para a humanidade o verdadeiro e único Deus, o Deus de Israel.
Cerca de 1500 anos depois, o jovem Francisco de Xavier foi o instrumento de que Deus se valeu para mostrar, literalmente, a metade do mundo, que a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo é o portal que precisamos atravessar para chegar ao nosso verdadeiro lar, a Casa do Pai.
Neste dia 03 de dezembro, Dia de São Francisco Xavier e Dia da Navarra, que coincide com o 1° Domingo do Advento, fazemos a memória da Páscoa deste jovem missionário navarro que morreu na ilha de Sancião ao sul da China.
Que o seu martírio abra cada vez mais as portas da China, até hoje um “Império Proibido”, e abra, principalmente, as portas do nosso entendimento e do nosso coração para a misericórdia de Deus.
Não posso terminar esse texto sem fazer referência ao Hino da Navarra ao seu patrono que, com muito orgulho, é também o patrono da minha cidade de Salvador (Bahia) e – ao lado de Santa Teresinha do Menino Jesus -, patrono de todas as missões da Igreja.
“No eco dos seus montes, vibre eterna esta canção ao cruzado que vencia pela força do amor. Ao ensinar o Crucifixo, onde expira e geme Deus, onde Cristo dá aos homens um abraço de perdão.”
Viva a Navarra! Viva Cristo Rei! E viva São Francisco Xavier!
José Falcón Lopes é jornalista e diretor do Instituto São Francisco Xavier, Obra Social do Padroeiro de Salvador.