quinta-feira, 2 de maio de 2024

“A lição do pai de Pelé” por Manuel Arantes

Foto: Pelé, Dondinho (seu pai), Zoca (seu irmão) - Arquivo de Família/Reprodução

Manuel Arantes

Após acompanhar pela TV a despedida de Pelé, o maior atleta de todos os tempos, decidi prestar a minha singela homenagem ao Rei do Futebol.

Como a maioria dos brasileiros, não pude estar presente ao seu velório na cidade de Santos (SP) para levar meu olhar de agradecimento, meu reconhecimento, minha gratidão de torcedor do Botafogo, simpatizante do Santos, e sempre apaixonado pelo futebol.

Pelé nunca escondeu que Dondinho (apelido do seu pai) foi seu grande ídolo.

Recordista de gols pelo Yuracán de Itajubá (MG) – marcou cinco gols de cabeça numa única partida em 1938 – e craque do Atlético de Três Corações (MG), cidade onde Pelé nasceu, Dondinho percebeu no seu filho, desde cedo, o dom de jogar futebol.

Nessa época em que a palavra inglesa “coach” (treinador) está na moda, é muito importante defender o “coaching” dos pais, ainda mais de um pai aparentemente tão comum e – talvez por isso mesmo – tão especial como Dondinho.

Pelé é a sua obra de arte para a humanidade.

Todo pai e toda mãe precisam não só cuidar da sobrevivência material dos filhos, mas reconhecer os seus dons, valorizá-los com amor, entusiasmo, orientação, paciência e companheirismo.

Dondinho valorizou o dom de Pelé e o ensinou a não se acomodar, a ter disciplina para ser um jogador diferenciado.

E se nesta vida a gente só dá o que tem, imagine o quanto Dondinho passou para Pelé.

Sempre humilde, o Rei dizia que tudo que ele queria era apenas jogar futebol como seu pai, e Deus acabou fazendo dele o maior atleta de todos os tempos.

E eu, que só queria dizer meu “muito obrigado, Pelé”, na verdade, preciso agradecer ao seu pai. Muito obrigado, Dondinho.

Manuel Arantes é cronista esportivo desde a Copa de 1958.

04 de janeiro de 2023, 08:09

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