Rapidinhas: A diferença entres os PTs e o silêncio em Camaçari

Davi Lemos

PT-BA x PT-CE
Os professores que militam na APLB querem levar a experiência do Ceará quanto ao pagamento dos precatórios do Fundef para uma discussão com a Procuradoria Geral do Estado. Advogados dos professores cearenses virão à Bahia para este encontro na Procuradoria para demonstrar que há razão no pleito docente de que sejam inclusos juros e mora no pagamento das parcelas. O irônico é que o exemplo trazido é de uma administração petista – o governo cearense também é comandado pelo PT, com Elmano de Freitas. Se não der certo, se não for comovido o governador Jerônimo Rodrigues, será causada, no mínimo, uma saia justíssima.

O silêncio
A Prefeitura de Camaçari, procurada por esta coluna desde a sexta-feira (4), não respondeu por que não libera a construção de uma unidade do supermercado RedeMix na entrada de Guarajuba após anunciar, em 2021, a construção do empreendimento com pompa. Segundo o apurado, há interesses de grupos empresariais rivais que articularam para que o empreendimento ficasse parado. O MP investiga o porquê de a prefeitura recusar, inclusive, investimentos privados para a revitalização do local. A rede de supermercados pretende investir R$ 20 milhões e gerar pelo menos 150 postos de trabalho.

A fala
Na mesma sexta-feira (4), mas na orla de Jauá, quando inaugurava obras, o prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (União), falou e não foi pouco. A artilharia do gestor voltou-se contra servidores comissionados que estariam insatisfeitos. Sabendo que estava sendo gravado pelo imprensa local, declarou que estava “cagando e andando para interesses pessoais” e que já estava “no meu limite”. Elinaldo ressaltou que não será candidato à reeleição – está no segundo mandato – mas pretende trabalhar para eleger sucessor do grupo. Mas quem deve ter gostado da fala do prefeito é o ex-prefeito e atual secretário estadual de Relações Institucionais, Luiz Caetano. Esse “cagando e andando” pode ser utilizado com novas interpretações durante as eleições de 2024.

Lamúria do prefeito
O prefeito Itabela, Luciano Francisqueto, fez duras reclamações contra o governo Lula, em áudio que se espalhou por grupos de WhatsApp e também por redes sociais como Instagram nesta semana que passou. A queixa principal é a queda de verbas federais que deveriam ser repassadas aos municípios, como o FPM. Ele destacou problemas na área de educação, pois, sem recursos, não teria como pagar o piso dos professores e, por isso, enfrenta paralisação da categoria. “O governo Lula, no âmbito federal, está cortando tudo, e o povo vai entender. Esse governo não está bem”, disse Francisqueto, que cobrou maior atuação de entidades como a UPB.

País dividido?
Preconceito, separatismo, ignorância. Esses foram alguns comentários que parlamentares baianos fizeram após a declarações do governador mineiro Romeu Zema que sugeriu a união de Sudeste e Sul por pautas comuns e união das direitas para lançar candidatura única em 2026. A pergunta que não quer calar: os parlamentares que reclamam de Zema – que teve o apoio do querido por muitos governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite – não defendiam uma atenção maior ao Nordeste, e principalmente à Bahia, que foi decisivo para a vitória de Lula em 2022? A questão que precisa ser posta é sobre quem começou o discurso do “nós contra eles”. Alguns podem rememorar a ideia de República do Pampa, no íncio da década de 1990, outros podem alegar que o próprio PT quis dividir a nação ao querer segregar etnias, gêneros, classes. O debate será longo.

Rui azedo
O colunista Lauro Jardim, de O Globo, escreveu que a relação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, com outros colegas palacianos estaria “azeda”. Um nome eminente da esquerda baiana fez o seguinte comentário: “eu não sei se em algum momento deixou de ser azeda. Lula colocou panos quentes, mas isso não quer dizer que ficou doce. Mas isso não quer dizer que Rui perdeu força, pelo contrário. Lula precisa de ‘ministros azedos’ para continuar doce”.

Ministro da Casa Civil, Rui Costa, fala à imprensa após reunião ministerial

Robinson x Solla
O deputado estadual Robinson Almeida, que deseja ser candidato à Prefeitura de Salvador, sugeriu que o Hospital Espanhol, que integrará a rede de atendimento pelo SUS, seja rebatizado como Hospital Estadual Dois de Julho. A ideia foi prontamente rechaçada pelo deputado federal e também petista Jorge Solla. Para o ex-secretário da Saúde, a ideia de Robinson desrespeitaria a história da comunidade espanhola de Salvador. O mesmo comentarista da nota anterior comentou: “foi recado para que Robinson entenda que a candidatura dele não é unanimidade no partido”. Aliás, é difícil saber qual seria a unanimidade dentro do PT baiano hoje.