segunda-feira, 13 de maio de 2024

Rapidinhas: Incensos a Lula e o indefinido cenário na oposição a Bruno

Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Davi Lemos

Incenso
A presença de Lula no 2 de Julho e a ausência de ACM Neto, principal líder opositor ao PT no estado, foi vista como um sinal nebuloso, pelos apoiadores do prefeito Bruno Reis, para as disputas que se avizinham, quando o gestor soteropolitano buscará a reeleição. A avaliação de um vereador da base é que ACM Neto não poderia somente fazer uma saudação à data cívica máxima baiana somente pelas redes sociais: “são 200 anos da Independência da Bahia. Não precisa ser candidato para aparecer; isso, com certeza, será usado pela oposição a Bruno. Mas temos um trabalho forte, e um nome forte. Mas não será uma eleição fácil”. Os incensos a Lula, que inclusive ressaltou o papel de Salvador como capital histórica do Brasil, podem ter um peso que, numa disputa acirrada, pode decidir.

O nome
Mas a presença de Lula e o protagonismo de Jerônimo não indicaram, nem de longe, que o grupo do Palácio de Ondina está perto de definir um nome para enfrentar e tentar derrotar o grupo de ACM Neto e seu candidato na capital, Bruno Reis. Até Otto Alencar, que rejeitou a missão de concorrer ao governo em 2022, surgiu nos bastidores. O presidente da Conder, José Trindade, filiado ao PSB, deve enfrentar resistência principalmente do PT de Salvador que agora quer Robinson Almeida como candidato. Geraldo Júnior (MDB), antes ‘nome certo do MDB’, corre por fora. Um aliado do PT baiano disse que os vermelhos só devem abrir mão de ter um titular na disputa se houver cenário desfavorável – o que não seria uma novidade desde que Nelson Pelegrino andava pelas ruas de capital como “eterno prefeiturável”.

Falando disso…
Por falar em 2 de Julho, foi bela a intenção do Esporte Clube Bahia que, no sábado (1º), homenageou os heróis da indepedência baiana ao estampar na camisa dos jogadores nomes como os de Maria Quitéria, Joana Angélica, dentre outros. O tricolor, apesar da homenagem e da festa da torcida, não resistiu à tática montada por Renato Gaúcho, treinador do Grêmio. Um torcedor atento disse que foi uma “vingança dos caboclos” após o erro estampado na camisa de Cauly. João das Botas virou “João de Botas” e o Baêa enfiou os pés pelas mãos e está em posição arriscada; a de porteiro da zona. Sem moral, nem pôde chorar no pé do caboclo.

Aeroporto
Na esteira da ausência de ACM Neto, o PSB foi ao 2 de Julho e desfilou entre a Lapinha e o Pelourinho carregando uma faixa em que pedia a aprovação de um projeto de lei que restitui ao Aeroporto de Salvador o nome de 2 de Julho. Os deputados federais Lídice da Mata (PSB) e Joseildo Ramos (PT) apresentaram proposta para que o equipamento deixe de carregar o nome de Luís Eduardo Magalhães, tio de ACM Neto. “O aeroporto é 2 de julho, os baianos nunca aceitaram esta mudança”, disse Lídice, durante o cortejo. Como se diz, jogador que não vai a campo permite que o adversário “deite e role”. E o grupo que descende do carlismo parece não brigar mais no campo simbólico, como fazia o velho ACM.

Em Lauro…
A cassação do mandato da vereadora Débora Régis (PDT), uma das mais combativas opositora da prefeita Moema Gramacho (PT), em Lauro de Freitas, pode ter cessado uma dor de cabeça da petista e também facilitado os caminhos para o deputado federal pedetista Léo Prates. Ao contrário do presidente estadual do PDT, Félix Mendonça Júnior, Léo não queria a vereadora do partido para a disputa da prefeitura e apoia a reedição da candidatura de Teobaldo Costa em 2024. As más línguas brincam que, na ação do PSB que cassou o mandato de Débora, havia uma não muito discreta torcida de Prates. A pedetista perdeu o mandato por acusação de “caixa dois” e arrecadação ilícita na campanha de 2020. Ela deve recorrer da decisão do TRE-BA.

Lamento
Os bolsonaristas em todo o Brasil – e na Bahia não foi diferente – lamentaram a decisão do TSE que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos. O ex-mandatário, quando ocupada o planalto, convocou embaixadores para denunciar supostas fraudes e falhas no sistema eleitoral brasileiro. João Roma, ex-ministro da Cidadania e presidente do PL na Bahia, classificou a decisão como “mais uma manobra arbitrária do judiciário brasileiro”. Na declaração, Roma asseverou: “tô fechado com o capitão”. Na mesma sexta-feira (30), petistas, socialistas e até pedetistas, cujo presidente nacional Carlos Lupi questionou recentemente as urnas eletrônicas, celebraram e “sextaram”. A ação contra Bolsonaro no TSE foi ajuizada pelo PDT.

Divulgação

Ministros da verdade
No citado vídeo em que Lupi critica as urnas eletrônicas – compartilhado por Bolsonaro após a decisão do TSE – o pedetista então argumentava que não é possível confiar na urna pois não permite que um cidadão comum realize a recontagem. Realmente, um cidadão comum sem conhecimento específico de informática, não consegue acessar os dados. Outro detalhe: os resultados das eleições tornaram-se matéria de fé, uma vez que, sem comprovação física do voto, basta ao eleitor crer no resultado final. Lupi pedia justamente isso no vídeo compartilhado por Bolsonaro: que fosse possível a recontagem por meio da impressão do voto. Mas parece que tornou-se proibido, no cenário jurídico brasileiro, ter dúvidas. Os ministros da verdade podem até mandar queimar os hereges que atacarem as sagradas urnas. Amém!

Brasília (DF), 27/06/2023 – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realiza sessão plenária, para retomar o julgamento da ação (Aije nº 0600814-85) que pede a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e de Walter Braga Netto. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.

03 de julho de 2023, 19:00

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